27 DE AGOSTO DE 2021
DAVID COIMBRA
Grêmio sofreu uma goleada alvissareira
Como se chamam os fazedores de memes?
Memers? Seja.
Então, vamos lá: atenção, memers, tenho cá uma boa para vocês. Tempos atrás, escrevi que o Grêmio sofreu uma derrota maravilhosa e vocês se regozijaram. Pois agora afirmo: nessa quarta-feira de chuva, contra o Flamengo, o Grêmio sofreu uma goleada alvissareira.
Ah, claro, levar 4 a 0 em casa, jogando com um a mais, nunca é bom. A não ser que você entenda o que aconteceu. E Luiz Felipe, que é um técnico escolado (sem trocadilho com o sobrenome dele), deve ter compreendido bem as lições do jogo.
Quais são? Direi.
Em primeiro lugar, é preciso identificar que Luiz Felipe descobriu a verdade, a luz e a vida ao jogar com três volantes. Com um meio-campo bem nutrido e seguro, o time fez um primeiro tempo quase perfeito, dominou o Flamengo e se impôs até com alguma naturalidade.
Mas, quando Isla foi expulso, o velho Luiz Felipe foi acometido por um defeito da juventude: o açodamento. Na ânsia de vencer logo a partida, foi esgarçando seu meio-campo, até que sobrasse apenas o paraguaio Villasanti no meio dos habilidosos adversários.
Foi tudo tão claro: com a proteção de três volantes atentos diante da área, o zagueiro Rodrigues jogou bem, teve autoridade e sobriedade. O time inteiro funcionava. Sem os três guardiães, quem se sobressaiu foi Éverton Ribeiro, o principal meio-campista do Flamengo.
Trata-se de uma operação matemática: com um meio-campo compacto, o time controla o jogo. Pode até levar um gol fortuito, como foi o primeiro do Flamengo, mas logo se reerguerá e voltará a ter domínio. A tendência é de que consiga o empate. Com mais esforço, pode vir a vitória. Mas, se houver derrota, jamais será trágica como a de quarta-feira.
Em resumo: Luiz Felipe achou um lateral-esquerdo, Rafinha; achou uma base de meio-campo, Thiago Santos, Lucas Silva e Villasanti; e aos poucos está percebendo que alguns jogadores precisam ser lapidados antes de se sentar no banco de reservas, como Léo Pereira e Luiz Fernando. É um time que vai se formatando.
O Grêmio não pode se deixar abalar pela goleada. Ao contrário: tem de encarar esse revés como uma oportunidade de aprender sobre si mesmo, uma chance de reabsorver algo que sempre soube, mas que esqueceu em meio às vãs glórias do passado: que o meio-campo é o coração e os pulmões de um time de futebol.
Três volantes. Três homens fortes no meio. Essa é a verdade, a luz e a vida de um time de futebol.
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