31 DE AGOSTO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
O 7 DE SETEMBRO É DE TODOS
Crescem as apreensões, nos últimos dias, com a escalada de tensões e possíveis desdobramentos das mobilizações convocadas para daqui a uma semana, no 7 de Setembro, data cívica que marca a independência do Brasil. O direito à manifestação e à reunião é uma garantia constitucional e fundamental nas sociedades democráticas e, portanto, pode e deve ser livremente exercido. Mas há limites, como a possibilidade de outras prerrogativas de indivíduos e instituições previstas na Carta serem violadas.
É dever dos poderes e das lideranças responsáveis, portanto, calibrar declarações e unir esforços para evitar qualquer risco de os protestos que se avizinham em meio à crise institucional atravessada pela nação descambarem para atos que fujam à normalidade. Haverá, no mesmo dia, atos convocados por opositores do governo federal, ao menos em São Paulo, e da mesma maneira é primordial a busca por serenar ânimos.
O 7 de Setembro pertence a todos os brasileiros e não deve ser reclamado ou usado por um grupo político ou ideológico específico que tente confundir o significado da data cívica com seus próprios objetivos egoístas. O Dia da Pátria, ao contrário da radicalização e da beligerância, deve ser a celebração pacífica e ordeira das melhores qualidades que marcam a formação da sociedade brasileira, como a pluralidade, a generosidade, a hospitalidade e, principalmente, a tolerância. Por seu simbolismo, seriam mais convenientes discursos e gestos que preguem a harmonia dos três poderes e o equilíbrio entre os entes de Estado, e não reações exaltadas ou interpretações equivocadas do texto constitucional.
É o momento de apaziguar. Não de alimentar delírios e, mesmo veladas, incitações a qualquer tipo de ruptura, violência institucional ou adesões de categorias como as ligadas à segurança, que por suas características, funções, legislações e regulamentos têm de ser fiéis ao Estado democrático de direito e à hierarquia e manter-se afastadas da disputa política. Tentativas reiteradas de demonstrar força muitas vezes apenas desnudam fraqueza.
Eventuais exacerbações indesejadas tendem a ter reflexos negativos em indicadores econômicos e degradar ainda mais as relações entre cidadãos e entre os poderes. Desperdiçam-se, neste momento, a energia e o foco que deveriam estar direcionados a combater e solucionar os problemas reais do país e que afligem a maioria silenciosa: vacinação, desemprego, inflação, crise hídrica e reformas, entre outras prioridades. A disputa pelo poder será resolvida na primavera de 2022, com o desejo dos eleitores sendo expressado nas urnas. Enquanto isso, o 7 de Setembro deve ser reverenciado como uma data de celebração do respeito e da convivência pacífica entre todos brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário