quarta-feira, 11 de agosto de 2021


11 DE AGOSTO DE 2021
OPINIÃO DA RBS

DEFASAGEM NA EDUCAÇÃO

É correta a percepção dos gestores da educação pública de que a grande prioridade tem de ser, neste momento, a recuperação da defasagem do ensino ocorrida desde o início do ano passado. De nada adianta apresentar novos conteúdos se os conhecimentos que devem ser a base dos que virão a seguir não foram assimilados de forma apropriada ou, então, acabaram esquecidos pelos alunos. O aprendizado, como em um processo construtivo, necessita de pilares sólidos para avançar de maneira saudável, com a acumulação paulatina de conhecimento.

Também é lógico que, para compreender o grau de prejuízo na educação, se conduzam avaliações que possam dar um diagnóstico mais preciso da situação, tanto em nível geral quanto individualizado. Foi o que começou a fazer a rede estadual, a exemplo de outras unidades da federação. Agora, um trabalho semelhante é conduzido nas escolas públicas municipais da Capital, por exemplo. Desta forma, é possível desenvolver e planejar de uma maneira mais certeira a estratégia pedagógica de recuperação do conhecimento que terá de ser feita ainda em 2022. É quando, espera-se, a vacinação contra a covid-19 no país já tenha alcançado toda a população e os riscos de surtos de covid-19 poderão ser menores, mesmo que continue sendo indispensável manter alguns cuidados e protocolos.

Sabe-se que a pandemia atingiu de maneira distinta crianças e adolescentes das redes pública e particular. Nas escolas geridas por Estados e municípios, em regra os alunos são de famílias mais humildes, com menor acesso a internet e dispositivos adequados para um aprendizado adequado. Deixar de atacar essa discrepância significará aumentar o abismo social do país. Essa é uma circunstância que torna ainda mais importante o retorno às aulas presenciais nos colégios públicos, que também atuam como uma rede de proteção para muitos estudantes. Mas mesmo nas escolas particulares é de grande importância a volta mais abrangente às salas de aula, para outras disciplinas como educação física, as que necessitam de laboratórios ou ainda para a retomada da convivência com colegas e professores, importante para fortalecer vínculos, para a saúde mental e para o desenvolvimento de habilidades ligadas à sociabilidade.

É válida, no mesmo sentido, a ideia de oferecer em 2022 um quarto ano no Ensino Médio no Estado. É uma oportunidade para reforçar o conteúdo para aqueles que ainda sentem as perdas de aprendizado causadas pela pandemia. Estes, por estarem mais próximos do ingresso em uma faculdade ou no mercado de trabalho, merecem atenção especial, porque têm mais pressa para estarem mais bem preparados a dar novos e decisivos passos no futuro acadêmico e profissional.

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