23 DE AGOSTO DE 2021
"TEMPESTADE PERFEITA"
Expectativa de tensão longa no mercado financeiro
Às vésperas do envio do orçamento de 2022 ao Congresso, previsto para até 31 de agosto, notícias negativas que chegam de Brasília têm provocado volatilidade e aumentado incertezas para a economia. A percepção é de que esse ambiente de tensão não deve se dissipar tão cedo, diante do debate antecipado das eleições de 2022 e dos ruídos políticos provocados pela crise entre os poderes alimentada pelo presidente Jair Bolsonaro.
O gatilho para a crise de confiança foi puxado pela apresentação da proposta de emenda à Constituição (PEC) de parcelamentos dos precatórios, mas outros fatores compõem essa espiral negativa. A equipe econômica avalia que a volatilidade será passageira e dissipada assim que ficar mais claro o desenho das novas medidas do governo para 2022, como o valor do Auxílio Brasil (programa que vai substituir o Bolsa Família), a definição da PEC dos precatórios, o projeto do IR e o próprio orçamento.
Porém, o espaço fiscal é pequeno, diante de promessas de Bolsonaro para tentar garantir a sua reeleição, que incluem, além de um programa de transferência de renda turbinado, reajuste para servidores públicos, novo subsídio para o diesel e pacote para estimular o emprego.
Professor da Universidade Federal do ABC, o economista Fábio Terra afirma que essa "tempestade perfeita" deve se manter por bom tempo.
- É uma turbulência muito grande de vários fatores negativos. Precisaríamos ter serenidade política, ter capacidade de liderança, mas o que está acontecendo é o inverso - diz Terra.
Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia, avalia que o Banco Central precisará acelerar a alta da taxa básica de juro, para controlar a inflação, uma "bomba para 2022" pelo efeito no crescimento menor para o país.
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