Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
07 de dezembro de 2011 | N° 16910
DIANA CORSO
Viajando nas figurinhas
Na infância, além de quadrinhos, adorava livros ilustrados. Meus preferidos eram os que passei a ler quando maior, com uma ilustração a cada muitas páginas, que sequer eram bonitos, mais fiéis que criativos. Costumava voltar à gravura de tanto em tanto, na medida em que o texto ia acrescentando um detalhe.
Por vezes, voltava só para sonhar sobre o conteúdo da obra, como se o portal para entrar na minha própria fantasia estivesse na imagem. A palavra impressa impunha seu ritmo, conduzia a imaginação, o que é bom.
É melhor entrar num labirinto desses com a certeza de ter um guia e uma saída, um fim. Até hoje sou leitora lenta, mais divago do que leio. Pena, meus livros raramente são ilustrados. Saudosa, lembro das figuras como o melhor lugar para onde ir quando queria fantasiar sobre a fantasia e recorro à capa do livro, que detesto quando não contém figuras.
Adulta descobri um tesouro: as “graphic novels”, traduzidas por “romances gráficos”. São histórias longas contadas através de quadrinhos. Os exemplos mais populares são os maravilhosos Persepolis (Marjane Satrapi) e Maus (Art Spiegelman). Ao contrário da leitura breve e desatenta que por preconceito que costuma ser atribuída ao quadrinho, elas são detalhadas na construção da linguagem visual, sempre peculiar.
Entrar numa delas é como desvendar uma novidade literária a cada vez, um novo estilo narrativo. Cada autor tem um traço, um modo de inserir as falas, personagens e ambientes se devotam à máxima eloquência.
Ali, página após página, reencontro os portais em que costumava me perder. O que na literatura era uma relação clandestina, aqui torna-se estável, reconhecida, é o centro das atenções. As imagens não valem por palavras. Elas não dizem, nos fazem dizer. Não discursam, põem nossa cabeça a falar. Nas novelas gráficas a literatura se aproxima do sonho.
Tudo isso para recomendar uma delas: Asterios Polyp (de David Mazzucchelli, Ed. Quadrinhos na Cia.). A história de um famoso arquiteto em crise, que após um incêndio que destrói seu apartamento no dia do 50° aniversário, resolve abandonar a vida que tinha. Com o dinheiro do bolso compra uma passagem até onde esse valor possa levá-lo e lá experimenta fazer tudo diferente.
É uma fantasia que já tivemos: sair para comprar uma Pepsi e nunca voltar. Fim de ano é época de promessas de mudança e de sonhar com viradas radicais. Asterios pode ser um bom cicerone nessa fantasia. Perca-se nessas imagens.
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