terça-feira, 9 de novembro de 2010



09 de novembro de 2010 | N° 16514
PAULO SANT’ANA


50 anos, idade da guilhotina

Um dos medos mais correntes e apavorantes que existem é o de perder o emprego.

Conversei esses dias com uma mulher que se mostrava surpreendida com o fato de que tudo indicava que ela estava por perder o emprego.

Ela é otimista, portanto qualquer fato negativo que a atinja obtém dela surpresa.

Expliquei a ela que nós, os pessimistas, temos só esta vantagem: nada nos surpreende, estamos sempre esperando pelo pior.

Como é que uma mulher que completa 50 anos não tem medo de perder o emprego? Vai ser otimista assim lá na caixa-prego.

Tanto uma mulher quanto um homem, quando completam 40 anos, devem já ir se preparando para perder o emprego nesta sociedade que ameaça os maduros e elimina os idosos.

Temi ontem sobre o sucesso desta coluna. Pela simples razão de que ontem o bar da Rádio Gaúcha não tinha mil-folhas. E, não tendo mil-folhas, pairou a ameaça de que eu não fizesse uma boa coluna.

Quando não vem o mil-folhas para o bar, eu desanimo, eu perco todo meu equilíbrio emocional e me padecem forças de talento.

Não entendo como pode um lancheria funcionar sem mil-folhas. Antes fechasse suas portas.

Eu já venho preparado para alavancar a criação da coluna com o mil-folhas. Se não tem mil-folhas no bar, melhor e mais lógico que não tivesse coluna.

Um dia ainda se escreverá um tratado sobre a transcendentalidade do mil-folhas na construção literária. Eu até acho que deveria haver um bar só com mil-folhas encravado na Feira do Livro.

Para se ler e para se escrever, são necessários mil-folhas.

E eu não consigo concatenar uma ideia sem os ingredientes melífluos do mil-folhas.

Pior é que estou escrevendo essas linhas com a mente completamente obliterada pela ausência em meu metabolismo do mil-folhas.

Se me faltassem mil-folhas durante 10 dias, eu teria de me demitir de minhas funções e me dedicar a outro serviço, de inclinações braçais.

Não há torta de limão que substitua um mil-folhas.

Obcecado que sou pela questão da saúde brasileira, na minha mente só cabe a ideia de que Dilma Rousseff foi eleita exclusivamente para acabar com as filas do SUS e para dotar de leitos os hospitais para os doentes nacionais.

Mas me espanta que, mal Dilma foi eleita, já venham de Brasília notícias de que a CPMF será recriada.

A gente elege um presidente para que ele resolva os problemas brasileiros ou para que ele crie novos impostos?

Aí surge aquela figura excêntrica do Sarney anunciando em manchetes de vários jornais que deverá ser relançada a CPMF.

O Sarney parece que só existe para criar impostos e revertê-los para o seu clã perdulário e nepotista.

E quem é que andou votando nas últimas eleições no Sarney para ele se mostrar assim, tão logo são contados os votos, o dono de Dilma?

Ainda mais preocupante é que recriem a CPMF e prossigam os problemas tradicionais e cansativos da Saúde.

Pois os problemas já não existiam quando havia a CPMF?

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