sexta-feira, 5 de novembro de 2010



05 de novembro de 2010 | N° 16510
PAULO SANT’ANA


Não há vagas

Tentei duas vezes ontem estacionar meu carro na garagem onde sempre o ponho: Rua Andrade Neves.

As duas tentativas foram barradas pela inscrição de um cartaz na porta da garagem: “Lotada”.

Fui vagar pelo Centro à procura de uma vaga. Na verdade, o país está enlouquecido: não há vaga em mais nenhum lugar para quem quer pagar pelo serviço.

Não há vagas em hospitais para quem tem convênio, não há vaga em garagens para quem paga à vista.

Não há mais vagas para nada, quanto mais em presídios ou hospitais do SUS.

Tenho certeza de que a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que pretende, a partir do fim de novembro, exigir do público em geral que tenha receita para antibióticos vai provocar um caos maior ainda do que aquele que já se instala atualmente nas emergências dos hospitais.

Todo mundo vai para as emergências ou para os postos de saúde buscar receita médica para os antibióticos. Vão engarrafar mais do que já estão engarrafados os postos de saúde e as emergências.

Mas será que as autoridades que baixaram esse ato visivelmente burocratista e insensível não pensaram nisso? O que é que estão fazendo, senão complicar mais ainda a vida das pessoas e infernizar as relações humanas?

Acontece o seguinte: consultas agendadas com médicos demoram um ano, se o paciente necessitar nesse intervalo um antibiótico, a quem irá recorrer? Claro que às emergências, que já estão superlotadas antes dessa absurda exigência.

Quando do poder emana a idiotice, estamos todos perdidos.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do RS, Fernando Weber Matos, manda agradecer a esta coluna os comentários aqui feitos sobre os tormentos vividos pelos médicos, enfermeiras e demais atendentes de hospitais no enfrentamento das aflições dos pacientes nas emergências.

“Parece até que trabalhas e participas conosco dessa luta diária, tal o brilhantismo do teu relato de pormenores hospitalares”, escreve o dirigente.

Senhor Matos, é que eu sei onde medra a carqueja e viceja o alecrim.

Escuto que a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) gasta por mês R$ 195 mil para reconstruir os sinais de trânsito e outros equipamentos que são destruídos pelos vândalos.

É uma fortuna, que poderia ser gasta em objetivos outros bem nobres.

Onde quer chegar o vandalismo? Até quando o público em geral tem de custear as fortunas gastas na recuperação dos equipamentos públicos e privados que são vandalizados?

Destroem de tudo, por onde passam parecem formigas devoradoras, uma canalhice permanente, principalmente acontecida à noite, mas também se verifica criminosamente à luz do sol.

Esse caráter vandálico de grande parcela do povo brasileiro entristece as pessoas de bem e fá-las ter remorso de sua nacionalidade.

Que gentinha miúda e desprezível são esses vândalos.

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