quinta-feira, 4 de novembro de 2010



04 de novembro de 2010 | N° 16509
PAULO SANT'ANA


Inferno nas emergências

Bem diz a médica Cláudia Costi, minha amiga, cuidando de seu pai, Edemar Costi, no leito hospitalar: “O atendimento de saúde no Brasil está doente. E tem de receber tratamento intensivo”.

Seu pai está sendo bem tratado, mas ela fica apreensiva que não se tenha mais construído hospitais.

É verdade, só se fecham os hospitais, e foi um parto designar-se a unidade do ex-Hospital da Ulbra da Rua Álvaro Alvim para fazer parte do complexo do Hospital de Clínicas, o que graças a Deus já aconteceu.

Tem-se a impressão de que alguém lucra financeira ou politicamente com essa revoltante falta de vagas e os amontoamentos das pessoas nas emergências.

E é desumano com os médicos e as enfermeiras que eles tenham de conviver, além das suas tarefas rotineiras, com as dores e as queixas dos que se amontoam.

Outra impressão que passa é de que as emergências são planejadas para lotarem, quando teriam de sê-lo para que tivessem folgado atendimento.

Justamente quando os pacientes melhor tinham de ser recebidos nas emergências, em face da precariedade de seu estado de saúde, é então nesse momento que eles topam com a falta de vagas ou com tratamento deficiente em face da superlotação.

Em governos sobre governos, se reproduzem as mesmas aflições dos pacientes e seus familiares. Um terror se abate sobre as multidões diante da possibilidade de que venham a adoecer e tenham de receber tratamento de saúde.

É certo que terão dificuldades quase intransponíveis para serem atendidas. Isso é uma catástrofe lamentável, da qual não se ocuparam, por incrível que pareça, Dilma e Serra, nos debates eleitorais.

Parece que uma emergência lota para que os pacientes procurem outra de outro hospital. E parece que elas se combinam para irem lotando e transferindo entre si a responsabilidade do recebimento.

Enquanto isso, os leitos dos hospitais estão todos ocupados. E as emergências se transformam em infernos só comparados ao das galerias dos presídios.

Quase não há diferença de atendimento e de convívio entre as emergências lotadas e as galerias prisionais superlotadas: confusão e caos se instalam, há choro e ranger de dentes.

E os pacientes desesperados não têm a quem recorrer. No peito e na raça, os enfermeiros, os médicos e os atendentes em geral topam com os pacientes revoltados e furiosos com o descaso, quando esta tarefa tinha de ser cumprida pelos diretores dos hospitais ou seus delegados de plantão.

As emergências hospitalares são o Inferno de Dante.

Amanhã, na Feira do Livro, às 16h30min, estarei assinando autógrafos de minha obra Eis o Homem, da RBS Publicações.

O livro vem obtendo grande aceitação entre os leitores. Amanhã, terei a oportunidade de receber aqueles que ainda faltam adquirir o livro.

É sempre um instante de ótima convivência conhecer quem lê a gente e quem lê a gente conhecer-nos.

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