sexta-feira, 7 de agosto de 2009


Jaime Cimenti

Homem, macho, pai etc.

Vamos combinar: esses papéis de macho, homem, pai, ficante, namorado, amante à moda antiga e esposo estão complexos e indefinidos, tipo pós-moderno, tipo assim “contornos borrados”, “fronteiras não demarcadas”, “ideias fragmentadas”, “discurso aberto”, entende?

O site Macho Pero no Mucho está dando uma mãozinha na busca das identidades, com dureza, mas sin perder la ternura, jamas, por supuesto.

No útimo artigo, por exemplo, está dito que os homens deveriam ficar felizes por não precisarem mais ser “o” provedor e poderem ser apenas mais um colaborador na família. Interessante. Por que o cara tem que ralar em três empregos para sustentar a galera? Antes, bem antes, o lance de ser pai era mais simples, bem mais simples.

O cara saía para matar o javali, voltava para a caverna ainda estressado, e, se fosse meio artista, desenhava lá as cenas das batalhas nas paredes de pedra, enquanto esperava pelo assado básico com batatas. Mais tarde os caras, de manhãzinha, colocavam o macacão, o uniforme ou o terno e a gravata e iam para as selvas de pedra atrás do leitinho ou do caviarzinho para as crianças.

Chegavam em casa estressados, soltavam o nó da gravata ou tiravam o macacão e, quando dava, se atiravam na cadeira do papai, na frente da TV, com o jornal e uma cervejinha amiga. Às vezes antes tinham que cumprir as “promessas” feitas pelas mães aos filhos desobedientes: “Quando teu pai chegar, tu vai ver! Tu me paga! Te prepara!”

Pois é, a homarada está aí, em meio a mil papéis indefinidos de filho, irmão, marido, pai dos filhos, pai dos pais, empregado, patrão, auxiliar de informática, motorista, assador de churrasco, amigo, síndico do prédio etc. É muito papel para só uma criatura de carne e osso.

Uns dizem que cabelo descolorido, lipo, peito depilado, manicure e pedicure não são coisas de macho. Outros dizem que até pode ser, mas aí de Macho Pero no Mucho e falam que o Ronaldo Nazário e o Beckham são metrossexuais para mais de metro. Sei lá. No fundo o melhor é evitar rótulos rígidos, preconceitos, exageros, violência de todo tipo e atitudes estereotipadas.

Os filhos entendem que o pai num dia pode estar muito bonzinho e sensível, liberando todas e, em outro, pode estar mais disciplinador, dando os cortes e os limites necessários. Pais tem mel e pedra nas mãos, dependendo do momento. Pais não devem ser óbvios, com expressão única e ficar fazendo só cara feia ou só sorrindo e liberando geral.

Pais também são filhos dos filhos, também querem colo e miminhos, antes mesmo dos oitenta e de andarem em cadeira de rodas. Pais são fortes e frágeis como todo mundo. São únicos, iguais, chatos, legais, insubstituíveis e eternos como os ventos e as ondas do mar.

Uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana para você.

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