
13 de abril de 2009
N° 15937 - PAULO SANT’ANA
E a Petrobras?
O presidente Lula demitiu na semana passada o presidente do Banco do Brasil por não ter acatado a sua ordem de diminuir os spreads e os juros nos empréstimos feitos por aquele banco.
Lula cometeu o que se chama de regulação pelo Estado na atividade bancária, ou seja, uma intervenção no mercado.
Pois eu achei absolutamente certa a atitude do presidente.
No entanto, no mesmo dia da demissão do presidente do Banco do Brasil, as ações do banco baixaram na Bolsa de Valores em 8%.
Ou seja, se o presidente da República comete um ato que presumidamente vai diminuir os lucros do Banco do Brasil, o mercado acionário reage negativamente.
Teoricamente, os acionistas do Banco do Brasil terão menores dividendos, em face de que o banco sofrerá com a diminuição dos seus ganhos no spread e nos juros.
Pois bem, já escrevi que, embora isso nada signifique, apoiei a atitude de Lula. O Banco do Brasil instituindo sua menor margem de lucro entre o dinheiro que compra e o dinheiro que vende, dá margem a que os bancos privados também passem a ofertar empréstimos mais atraentes para seus clientes pelo menor custo.
Lula tenta com esforço incomum uniformizar para baixo as taxas de juros cobradas por todos os bancos, a partir do exemplo do banco estatal.
Com mais crédito, a economia se oxigena e o Brasil reage à violenta crise mundial com criação de mais investimentos e empregos.
No entanto, Lula interveio no Banco do Brasil, entidade de mercado aberto. Valeu-se do privilégio de que a nação é acionista majoritária no banco e escolhe e demite seus dirigentes.
Só que o Banco do Brasil tem situação análoga à da Petrobras, com relação ao governo. Também a Petrobras tem o seu corpo de acionistas particulares.
E se diz que o governo não diminui o preço dos combustíveis para não prejudicar os acionistas da Petrobras e a própria empresa.
Como é, então, que com o Banco do Brasil o presidente não procedeu mediante o mesmo raciocínio?
Pior ainda: se diminuiu os lucros do Banco do Brasil ao baixar o spread e os juros nos empréstimos, Lula somente prejudicou um reduzido número de pessoas, os acionistas do banco.
Enquanto que, ao não baixar o preço dos combustíveis ante a queda violenta do preço do barril de petróleo internacional, Lula protege um reduzido grupo de acionistas da Petrobras e prejudica vitalmente todos os brasileiros, que pagam mais caro pela gasolina e pelo diesel, além da economia, que deixa de ganhar oxigênio para alavancar o consumo e o desenvolvimento.
É um flagrante na incoerência presidencial. E uma triste notícia para os consumidores de combustíveis.
Vê-se que Lula olha com bons olhos a Petrobras e tem menor afeição pelo Banco do Brasil.
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