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quinta-feira, 9 de abril de 2009
09 de abril de 2009
N° 15933 - PAULO SANT’ANA
A Cúpula das Américas
Houve um momento ontem, quando estava o delegado Protógenes Queiroz, a autoridade que chefiou a Operação Satiagraha, sendo ouvido pela CPI dos Grampos na Câmara Federal, que beirou a comédia.
Um deputado perguntou ao delegado Protógenes se ele não entendia que essas escutas espalhadas por todos os cantos estavam deixando inseguros todos os brasileiros.
O delegado Protógenes declarou: “O senhor tem razão, nobre deputado, há um clima de insegurança jurídica no país em face desses acontecimentos”.
E mais disse o delegado Protógenes: “Imagine, deputado, que, nestes dois inquéritos que a Polícia Federal instaurou contra mim, existe até uma interceptação telefônica!”.
Eu tinha de estar vivo para assistir a isto: o delegado Protógenes, o Rei do Grampo, fazendo discursos contra os grampos.
E mais: achando inaceitável que o tenham grampeado. Mas se ele grampeou centenas de pessoas, não dá o direito de que também o grampeiem?
Só ele não pode ser grampeado?
Ao receber seis congressistas democratas norte-americanos, o presidente cubano Raúl Castro demonstrou estar apto a qualquer tipo de diálogo com o governo Barack Obama.
No encontro de que participou esta semana em Havana com seis deputados democratas norte-americanos, foi confirmada a tendência já prevista com a posse de Obama de que as relações entre os EUA e Cuba passarão em seguida a uma forte distensão.
A deputada Barbara Lee, que liderou a comitiva visitante, garantiu que voltaria aos EUA com uma clara mensagem ao presidente Barack Obama: “Chegou a hora de dialogar com Cuba. O momento é agora”.
Em seguida, declarou que apresentará um relatório a Obama, segundo o qual a conversa com o sucessor de Fidel Castro foi “franca e aberta” e o presidente cubano considera o fim do embargo a Cuba e a normalização das relações entre os dois países como um benefício tanto para Washington quanto para Havana.
Raúl Castro afirmou que o diálogo pode ocorrer desde que Obama “respeite as condições de igualdade entre os dois países”.
Ao mesmo tempo, em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, pela primeira vez tentou uma aproximação com o presidente Barack Obama, depois de tê-lo chamado de “ignorante” há dias: “Atrevo-me a estender a mão a Obama e dizer-lhe que fique do lado daqueles que querem um mundo de paz e amam a verdade e a humanidade”.
E completou: “O fato de o presidente dos EUA – a maior potência do mundo e o único país que já usou uma arma nuclear contra outra nação – estar pedindo um mundo sem armas nucleares é muito alentador”.
Os dois gestos de aproximação, o de Raúl Castro e o de Hugo Chávez, apareceram às vésperas da Cúpula das Américas, que ocorre entre os dias 17 e 19 deste mês em Trinidad Tobago.
Vai ferver a Cúpula das Américas: estarão presentes Barack Obama, Raúl Castro e Hugo Chávez.
A América pretende que eles se entendam. Precisa que eles se entendam.
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