segunda-feira, 30 de março de 2009


RUY CASTRO

Terror juvenil

RIO DE JANEIRO - Na semana passada, em Diadema (SP), cinco gangues de adolescentes marcaram pelo Orkut um encontro num estacionamento no centro da cidade, para demarcar seus territórios.

Os argumentos da negociação eram porretes, tacos de beisebol e correntes. Houve uma briga envolvendo mais de cem jovens, reforçados por adultos, resultando numa mulher ferida e num arrastão em que foram agredidas pessoas que não tinham nada com a história.

Em São Sebastião, cidade satélite do Distrito Federal, também na semana passada, uma escola foi sitiada pela guerra entre duas gangues em torno de 15 de seus alunos, que estariam jurados de morte.

A instituição de ensino fica bem na divisa entre os territórios das gangues. Na quinta-feira, um estudante, talvez um dos ameaçados, foi flagrado dentro da escola com uma arma, que ele teria comprado por R$ 300, para "se defender".

No Itaim Bibi, zona oeste de São Paulo, igualmente na semana passada, outro aluno foi apanhado em sala de aula com um revólver calibre 38 dentro da mochila. O colégio, cuja mensalidade é de R$ 1.600, está sendo pressionado pelos pais dos outros estudantes, para quem o aluno armado deveria ser suspenso ou expulso por colocar em risco a vida dos colegas.

Fatos como esses estão ocorrendo todo dia, em toda parte, no Brasil. Você dirá que, nos EUA ou na Alemanha, um garoto desequilibrado se mune de um arsenal, invade a escola e fuzila dezenas, e que ainda não chegamos a tal ponto. Pois, se esse é o ponto crítico, temo que já o tenhamos superado.

Cada um daqueles atiradores que promovem o banho de sangue é um indivíduo solitário, cujo caso seria resolvido por um psiquiatra, dentro ou fora do Pinel. Já nossos garotos estão se organizando em quadrilhas para exercer o terror. E as armas também já começam a aparecer.

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