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terça-feira, 31 de março de 2009
31 de março de 2009
N° 15924 - PAULO SANT’ANA
Exemplo de presídio atual
Quando escrevo sobre segurança pública, posso transmitir a ideia de que se trata de uma crítica às autoridades policiais e seus agentes, mas não é.
Sei do esforço que os policiais travam nesta quadra dramática da segurança pública, sem recursos humanos e materiais.
Mas é impossível deixar de registrar a pontualidade das ocorrências policiais que encerram assaltos, com uma frequência extraordinária.
Não há atividade humana que não seja atacada pelos assaltantes em nosso meio.
Eles roubam creches e escolas, asilos, até mesmo hospitais.
A cada dia que passa, se especializam mais os assaltantes em roubar locais excêntricos.
A última aconteceu na semana passada na Igreja Nossa Senhora dos Navegantes, lá onde chega a famosa procissão.
Estavam os fiéis rezando no recinto da igreja, o sagrado recinto da igreja, quando entraram os assaltantes e anunciaram a que vieram: obrigaram os fiéis a se deitar no piso da igreja e fizeram a limpa em todos os pertences.
Quem estava de pé teve de se deitar, quem estava ajoelhado teve de se deitar. Rezou, tem que deitar.
Os assaltantes do culto fugiram a pé e foram presos por populares ou seguranças quadras depois da igreja.
Um dos assaltantes declarou que estava vagando pela cidade, à procura de pessoas para assaltar. A primeira concentração de pessoas que encontrou foi na igreja: assaltou-a, disse ele, demonstrando indícios de que estava drogado.
É assim, legiões de assaltantes saem pelas ruas à procura de vítimas para seus assaltos.
Não há polícia que baste. Os criminosos cresceram em 10.000% nas ruas. As forças policiais diminuíram em 500%: a Polícia Civil tem hoje o efetivo de pouco mais de 5 mil homens, o mesmo número de 50 anos atrás. Um absurdo!
De lá para cá, a população cresceu pelo menos em 200%. É desigual.
Da mesma forma, quando escrevo sobre o caos prisional, ultimamente pregando a parceria público-privada nos presídios, não estou de forma alguma criticando os agentes penitenciários e as autoridades carcerárias. Eles dão tudo de si para levar adiante a sua missão.
Mas o sistema entrou em colapso.
Para dar uma ideia dos grandes serviços que prestam os agentes penitenciários, escreveu-me o administrador do Presídio Estadual de Novo Hamburgo, logo aqui, às margens da Capital.
Foram construídas no presídio de Novo Hamburgo várias melhorias, entre elas um salão multiuso, com 150 metros quadrados, que serve para a ressocialização dos presos, na qualificação de mão-de-obra prisional, educação, ensino religioso, informática etc.
Foi firmado um convênio entre o presídio e a Associação de Assistência ao Menor em Oncologia, com os apenados realizando a digitação das notas fiscais, dentro do programa estadual “A Nota é Minha”, auxiliando assim as crianças com câncer.
Além disso, todo o presídio foi cercado com tela e erigido um passeio público em torno dele, antes inexistente.
Nos fundos do presídio de Novo Hamburgo há uma horta comunitária.
Foi firmado também um convênio com a prefeitura, pelo qual se ampliou a mão-de-obra dos presos, que são agora 70 a ter atividade laboral, quando eram apenas 50.
No Presídio Estadual de Novo Hamburgo, 100% dos presidiários desenvolvem trabalho, tanto interna quanto externamente.
E o presídio de Novo Hamburgo, com todas essas exemplares realizações, é dirigido por um agente penitenciário, o sr. Ivan Carlos da Silva.
Viram como não é questão de o presídio ser público ou privado? Qualquer um dos dois sistemas pode ser exitoso. O que se precisa urgentemente é da construção de vários, inúmeros presídios.
E, importante: todos têm de ter pequena capacidade. Têm de ser muitos os presídios e poucos os detentos dentro deles, essas são a solução e a lógica penitenciária.
E o agente que dirige o presídio de Novo Hamburgo não precisa mais agora ficar aflito porque todos só falam no caos e não exaltam os bons exemplos carcerários. Foi com justiça que a Câmara Municipal esses dias concedeu-lhe homenagem por estes serviços prestados.
Parabéns.
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