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sábado, 14 de março de 2009
14 de março de 2009
N° 15907 - A CENA MÉDICA | MOACYR SCLIAR
Cuidando do rim
Aparentemente os rins são órgãos pouco interessantes. Pequenos, em forma de feijão, não se mexem como o músculo cardíaco e os pulmões; ficam imóveis no abdome, produzindo urina que, convenhamos, é um líquido pouco inspirador.
Por causa disso não há metáforas envolvendo os rins; não são considerados, como o coração, uma sede de emoções, não aparecem em canções ou em poemas. Ao contrário, não raro são objeto de (falsas) acusações: quando a pessoa diz que está com dor nos rins, na verdade está se queixando de um problema de coluna lombar.
Mas os rins são na verdade complexos laboratórios, encarregados de funções importantes no organismo, a começar pela eliminação das impurezas. Por isso, quando adoecem, podemos ter um problema bem sério, como descobri logo no início de minha carreira médica.
Ainda residente, trabalhei com os jovens doutores Ana Maria Maciel Alves e Domingos D’Ávila no serviço de nefrologia chefiados pelos professores Antonio Azambuja e Moisés Lerrer, serviço este que fez a primeira hemodiálise no RS. Os casos que atendíamos eram quase sempre graves, e, até o advento da diálise e do transplante, muitas vezes fatais.
O número de pessoas com insuficiência renal vem crescendo, e portanto cresce o número daqueles que necessitam de diálise e de transplante. São, informa-me o nefrologista Dirceu Reis da Silva (Caxias do Sul), mais de meio milhão de pacientes nos Estados Unidos (para 2010 estima-se um aumento de 40% nesse número). No mundo, o custo global da diálise e do transplante na próxima década ultrapassará US$ 1 trilhão de dólares.
Cerca de 80% dos pacientes vivem em países pobres e muitos são jovens: na Guatemala, 40% deles têm menos de 40 anos. No Brasil, o número de pacientes em diálise saltou de 46.557 em 2000 para 87.044 em 2008.
É preciso investir, pois, em atividades preventivas e de detecção precoce. Há muita coisa que se pode fazer neste sentido, mediante o tratamento adequado ou a prevenção de doenças na qual os rins podem ser lesados: diabete, hipertensão – estas duas, juntas, são responsáveis por 50% dos casos de insuficiência renal crônica – obstrução das vias urinárias, infecção urinária.
Daí a importância do Dia Mundial do Rim, que ocorreu nesta semana (12 de março), iniciativa da Sociedade Internacional de Nefrologia, apoiada por personalidades de várias áreas: Gustavo Borges, Daiane dos Santos, Oscar Schmidt, Johnny Deep, Tom Hanks. O objetivo é nos fazer pensar neste enigmático órgão. Dele depende a vida de milhões de pessoas
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