segunda-feira, 23 de março de 2009



23 de março de 2009
N° 15916 LEDIR RAMIL


Barão de Itararé

Aparício Torelly, gaúcho de Rio Grande, cursava medicina em Porto Alegre. Certo dia, o professor se dirigiu a ele e perguntou: “Quantos rins nós temos?”. Respondeu “Quatro” . E ouviu uma gargalhada do arrogante professor, que não satisfeito ainda ordenou a seu assistente: “Me traz um punhado de capim, pois temos um asno na sala”. Aparício aproveitou a deixa e pediu: “E para mim, um cafezinho!”.

Foi expulso de sala, mas na saída ainda teve a audácia de corrigir o professor: “O senhor me perguntou quantos rins nós temos. ‘Nós’ temos quatro: dois meus e dois seus. ‘Nós’ é a 1ª pessoa do plural. Tenha um bom apetite, seu capim está chegando”.

Aparício Torelly, autointitulado Barão de Itararé, foi figura única da cultura brasileira. Com sua inteligência sagaz e seu falso título de nobreza, foi jornalista, escritor e pioneiro no humorismo político do país.

A seguir, algumas das máximas e mínimas do Barão:

De onde menos se espera, daí é que não sai nada.

Quando pobre come frango, um dos dois está doente.

Mais vale um galo no terreiro do que dois na testa.

Quem empresta, adeus...Pobre, quando mete a mão no bolso, só tira os cinco dedos.

Negociata é todo bom negócio para o qual não fomos convidados.

O banco é uma instituição que empresta dinheiro se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro. Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades.

Adolescência é a idade em que o garoto se recusa a acreditar que um dia ficará chato como o pai. O advogado é um cavalheiro que põe os nossos bens a salvo dos nossos inimigos e os guarda para si.

Senso de humor é o sentimento que faz você rir daquilo que o deixaria louco de raiva se acontecesse com você. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

Tempo é dinheiro. Vamos, então, fazer a experiência de pagar as nossas dívidas com o tempo. Precisa-se de uma boa datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa. O fígado faz muito mal à bebida. O mundo é redondo, mas está ficando chato.

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