Conhecida por papéis sensuais na TV, Carol Castro é a estrela da peça "Dona Flor e Seus Dois Maridos", que estreia hoje
Filipe Redondo/Folha Imagem
A atriz carioca Carol Castro, 25
Carol Castro, 25, ainda não tinha 20 quando foi chamada para ajudar na seleção do elenco infantil de "O Caminho das Nuvens" (2003), filme de Vicente Amorim sobre um desempregado paraibano que parte de bicicleta para o Rio em busca de uma vida melhor. Até que ouviu do diretor: "Sabe que você daria uma boa sereia?".
Não era cantada. Logo ela tingiu os cabelos de louro e se mandou para Porto Seguro para rodar sua ponta como a prostituta fantasiada de sereia que seduz um dos filhos do protagonista.
Pouco depois de voltar ao Rio, foi escalada para o papel de Gracinha, a jovem sensual que tirava o sossego de Erik Marmo e Carolina Dieckmann em "Mulheres Apaixonadas".
A volúpia volta a encarnar nela em "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Sucesso de público e crítica na capital carioca, onde recebeu duas indicações ao Prêmio Shell (ator e diretor), a peça chega hoje a São Paulo, em sessão para convidados.
À lascívia de personagens anteriores somam-se agora "recato, pudor, culpa e idílio" -a atriz faz questão de frisar: "Acho que estou conseguindo me desvencilhar daquela imagem de menina carioca da TV".
Para quem se lembra que Carol estampou a capa da "Playboy" há sete meses, em ensaio inspirado nas mulheres de Jorge Amado, pode parecer pura retórica. Ela garante que não: "Fiz pela grana. É meio estranho. As pessoas ficam te dando parabéns durante um mês. E você pensa em tudo aquilo a que uma revista masculina remete. Mas não me arrependo".
Erro, para ela, foi ter se dividido entre as aulas de malabares e trapézio para o "Circo dos Famosos", do "Domingão do Faustão", e os ensaios de "Dona Flor", depois de emendar quatro novelas. Exausta, pediu uma semana de folga do teatro. Voltou com o pé fraturado.
"Justamente quando precisei buscar o corpo da Flor, estava com uma bota "Robocop" no pé. Falei para a equipe: "Vocês não merecem isso, vou sair". O Pedro [Vasconcelos, diretor] é que falou: "Não, vamos lá'", lembra a atriz.
Para interpretar a cozinheira perseguida pelo fantasma libidinoso do primeiro marido e entediada com os excessivos "bons modos" à cama do novo companheiro, Carol teve aulas de prosódia (sotaque), culinária e sobre candomblé, pano de fundo da história. No processo, preferiu não assistir ao filme protagonizado por Sônia Braga (1976) nem à minissérie com Giulia Gam (1998).
Flor não é infiel
A atriz não acha que as escapadelas de Flor com o espectro de Vadinho configurem infidelidade. "É claro que ela se julga, se sente infiel. Mas não chega a ser traição, porque é com um fantasma que, ainda por cima, já foi seu marido. É como diz o Vadinho: "Você só será completa com os dois". No fundo, é a história da busca de um amor."
Carol encontrou o seu no teatro -afetiva e profissionalmente. O namorado é do elenco da peça. E a paixão pelo palco vem desde pequena, quando circulava pelas coxias na cola do pai, o ator e diretor Luca de Castro. Pelas mãos dele, fez seu début, aos nove, como a Mariazinha de "Frankenstein". "Só tinha uma fala, mas fiquei desesperada", diverte-se.
Aos 16, pintada de índia, pronta para entrar em cena no espetáculo "O Incrível Encontro", sobre os 500 anos do Brasil, foi impedida pelo Juizado de Menores. Menos traumática foi "Myrna", compilação de textos de Nelson Rodrigues em que ela atuou aos 18.
Em cinema, o currículo de Carol inclui, além de "Caminho", o pouco falado thriller argentino "Perigosa Obsessão" (2004), em que vivia uma jornalista. "Cortaram a parte que explicava a minha personagem", lamenta. Nada que abale quem diz: "Sei o que quero, aonde quero chegar e que falta muito para isso". Os encantos de sereia certamente ajudarão no caminho.
DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS
Quando: estreia hoje (para convidados); sex. e sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 14/6
Onde: teatro Faap (r. Alagoas, 903, São Paulo, tel. 0/xx/11/3662-7233)
Quanto: R$ 80
Classificação: não indicada a menores de 16 anos
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