Entrelacos

Jaime Cimenti
27/3/2009

Sexo, estupro e internet

Numa das cartas que o personagem serial killer Jack Jr. deixa para Smoky Barrett, agente especial do FBI no romance O homem das sombras, está escrito que a palavra mais buscada na internet é sexo, seguida pela palavra estupro.

Essa informação dá o tom da narrativa forte, precisa e cortante do escritor norte-americano Cody McFadyen, nascido no Texas, em 1968. Antes de se tornar famoso internacionalmente com o romance, Cody foi webdesigner e isso justifica seu amplo conhecimento sobre a rede. No romance, a policial Smoky, 40 anos - ela foi vítima de estupro e tortura e perdeu a filha e o marido -, no embate com o psicótico que invadiu sua casa, mostra por que é considerada uma das maiores policiais do FBI.

Smoky ficou com dezenas de cicatrizes em virtude do ocorrido. Graduada em criminologia, ingressou no FBI em 1990 e resolveu abrir mão de sua licença para enfrentar Jack Jr., estuprador que frequenta a internet e se acha descendente do legendário caçador e assassino de prostitutas inglês Jack, o Estripador.

O inglês andava pelas ruas escuras de Londres. Jack Jr., cruel e genial assassino, procura suas presas na rede. Smoky tem cacife para caçá-lo. Cacife e vontade. Afinal, ele violentou e eviscerou sua melhor amiga dos tempos de escola e deixou órfã uma menina de 10 anos, que ficou aos seus cuidados.

A falecida foi encontrada amarrada nua na cama, com ossos de braços e pernas quebrados. Seu rosto estava contorcido diante da violência e da morte lenta. O corpo já estava ali há três dias e sobre ele estava, amarrada, sua filha de dez anos, viva.

Para penetrar na mente altamente requintada e pervertida do assassino, somente a talentosa e corajosa Smoky. A narrativa tem também o mérito de revelar, com detalhes, a espantosa e curiosa evolução da indústria pornográfica na internet.

O prestigiado jornal norte-americano Washington Post chegou a declarar que O homem das sombras era um dos melhores romances policiais do ano e, certamente, a obra vai render um belo roteiro cinematográfico, como foi o caso de Dália Negra e O colecionador de ossos.

O que torna diferente, criativo e novo o livro de Cody é o fato de penetrar, a fundo, nos confins dos labirintos da mente humana e da internet.

É uma narrativa que agarra o leitor mesmo depois de virada a última página. 360 páginas, tradução de Gilson B. Soares, R$ 47,00. Editora Rocco, telefone 21-3525-2000.

Uma ótima sexta-feira e um excelente fim de semana.