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sábado, 21 de março de 2009
21 de março de 2009
N° 15914 - PAULO SANT’ANA
Petrobras finge inocência
Depois de muitas notícias de que o preço dos combustíveis poderia baixar em face da queda violenta do preço internacional do barril de petróleo, a Petrobras divulgou ontem um pronunciamento em que declarou que não mexerá nos valores atualmente cobrados.
Acrescentou a Petrobras que o preço da gasolina é 30% mais caro que nos EUA, em dólar, por força dos impostos e dos lucros dos intermediários.
A Petrobras, para manter os lucros extraordinários que vem tendo com os combustíveis, fugiu do assunto.
Quem é que não sabe que existem impostos sobre os combustíveis? Quem é que não sabe que existem os intermediários entre a Petrobras e os consumidores?
Todos sabem que ganham os distribuidores e ganham os postos de gasolina.
Como é, então, que a Petrobras culpa os impostos e os intermediários pelo preço abusivo da gasolina no país?
Ou será que nos EUA também não existem os impostos? Ou será que nos EUA também não existem os distribuidores e os postos de gasolina, que, é claro, cobram por seus serviços?
Não é essa a questão. O que interessa é que a Petrobras garantiu há anos que os preços de seus combustíveis seriam regidos por dois fatores: o custo internacional do barril de petróleo e o preço do dólar.
Evidentemente que os impostos e os intermediários tiram o seu naco em cima do preço da Petrobras. E, se o preço da Petrobras cair, fatalmente cairão os preços nos postos de combustíveis. Os impostos e os serviços dos intermediários serão obrigados a baixar de preço.
O que entristece é que, pela importância dos combustíveis na economia, mais o respeito que se haveria de ter com a economia popular, o preço dos combustíveis teria de ser controlado pelo governo – e não pela Petrobras.
Mesmo que a Petrobras não pertencesse ao Estado, que tem nela a maioria das ações, ainda assim os preços dos combustíveis teriam de ser controlados pelo governo.
E o que se vê, pelo pronunciamento da Petrobras, é que ela controla seus preços, ela é autônoma, ela passa por cima da autoridade do governo em regular o preço dos combustíveis e faz o que bem entende na fixação dos seus preços.
E é tão grande a empáfia da Petrobras, que ela joga para cima do governo a culpa pelo preço exagerado dos combustíveis, ao responsabilizar os impostos pelo preço abusivo.
Esse desaforo tinha de ser punido imediatamente pelo governo, que deveria intervir na questão e baixar os preços da Petrobras.
Ou então vai ficar claro que o governo apoia por baixo do pano a prepotência do seu monopólio.
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