Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 16 de março de 2009
16 de março de 2009
N° 15909 - LUIS FERNANDO VERISSIMO
Em Madri
Ficaríamos dois dias em Madri, tempo suficiente para rever dois velhos amigos, Goya e Velázquez, no Museu do Prado. Mas o Prado está com uma magnífica ala nova que ainda não conhecíamos.
E nela havia uma exposição do Francis Bacon que, se não incluía tudo que ele pintou na sua conturbada vida, chegava perto. Ficamos tanto tempo admirando o Bacon que depois tivemos que pedir desculpas ao Francisco e ao Diego pela brevidade da visita.
Não sei o que o Velázquez diria da pintura do Bacon mas desconfio que o Goya entenderia o nosso gosto. Ele tinha, como Bacon, o poder de transformar repulsa e misantropria em grande arte.
Agora é tarde
Certa vez estranhei que nunca ocorrera ao pintor Francis Bacon fazer um retrato imaginário do filósofo e estadista do século 16 Francis Bacon como fez do papa Inocêncio III, baseado num quadro do Velázquez. Na mesma linha de especulação inútil imaginei um filme biográfico em que o ator Richard Burton interpretasse o explorador e linguista Richard Burton.
E um filme do diretor John Ford sobre o dramaturgo inglês John Ford (autor de uma peça chamada Pena que Ela Seja uma Prostituta, em pleno século 17). E não houve uma escritora chamada Elizabeth Taylor, um bom papel para a atriz do mesmo nome? De qualquer jeito, agora é tarde. Ficaram faltando estas curiosidades na posteridade de cada um. Aliás, não sei: a Elizabeth Taylor já morreu?
Loucura
Outra vez imaginei como seria uma reunião de todas as versões de Don Juan jamais feitas, de Mozart a George Bernard Shaw. Uma espécie de congresso de versões. As discussões sobre quem era o Don Juan definitivo seriam animadas, pois cada um tem um caráter diferente, e fatalmente acabariam em duelos. E pode-se imaginar que a festa de encerramento seria uma loucura.
50 anos
Nos levaram para almoçar num dos restaurantes do estádio Santiago Bernabéu, do Real Madrid, que é uma potência madrilenha não apenas no futebol. Ótima carne. Durante o almoço, me dei conta: exatamente 50 anos antes, em fevereiro de 1959, eu tinha visto o Real Madri jogar naquele mesmo local. O estádio não era mais o mesmo de 50 anos atrás.
Ao contrário de mim, tinha sido reformado e renovado. Como já contei mais de uma vez, foi ali que vi jogar o Puskas e o Di Stéfano. Lembro que o estádio ficava a alguns quilômetros do nosso hotel, e que fui e voltei a pé, sem sentir. Com 50 anos menos... Foi um breve momento de autonostalgia, que não me impediu de saborear a morcilha.
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