sábado, 28 de setembro de 2024


Agora, será preciso olhar dados com lupa

O efeito líquido das sinalizações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) sobre os recursos da ajuda ao Estado foi um aumento da desconfiança sobre a efetiva compreensão da situação do Rio Grande do Sul e do que será de fato pago até o final do ano.

Foi preciso esperar quase 24 horas para que o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, se manifestasse oficialmente sobre o cancelamento de créditos extraordinários federais que incluem a ajuda ao RS.

Quando o fez, garantiu que não haverá "cortes", mas "cancelamentos". Na próxima semana, para quando está prevista a publicação do resultado do Tesouro Nacional de agosto, será preciso conferir se, além dos R$ 7,2 bilhões destinados a leilões de arroz que não precisaram ser desembolsados e devem ser retirados das previsões, alguma outra dotação será "cancelada".

A publicação está atrasada devido a uma greve dos funcionários de carreira da pasta. À agência especializada em finanças Bloomberg Línea, Ceron estimou em R$ 10 bilhões o volume de créditos cancelados. Em tese, faltariam ainda R$ 2,8 bilhões.

Em vez de encerrar a novela detalhando o que fica e o que sai do que a STN chama de "despesas relacionadas à calamidade no RS", Ceron adiou o suspense em uma semana, porque na mais recente prestação de contas existem outras ações com grandes diferenças entre a dotação e o pagamento. E muitas sem empenho, o que é outro sintoma de risco de efetivação.

Algumas, claramente, são iniciativas que exigem mais prazo, outras não. A coluna deixa registrada a situação atual para comparar com a da próxima semana. Só então será possível saber exatamente o tamanho e o impacto dos cancelamentos. _

Como fábrica alagada se reergue

Quase destruída pela enxurrada, a Della Nonna, fábrica do 4º Distrito acumula prejuízo de cerca de R$ 3,5 milhões. Parada até agosto, a empresa teve ajuda, mas "sem linha de crédito, teria fechado", afirma o dono Sergio Sbabo.

No entanto, só há cerca de dois meses o empreendedor conseguiu contratar financiamento em bancos públicos. A Della Nonna tinha pendências e, enquanto não as quitasse ou renegociasse, não teria acesso ao crédito.

- Nos bancos privados, tive enorme dificuldade de colocar o passivo em dia. Consegui renegociar com juro de mercado. A partir daí, consegui acesso aos bancos públicos para tentar (as linhas de financiamento do) BNDES.

Em agosto, a Della Nonna retomou parte da produção.

- É outra empresa. Vamos voltar de maneira mais enxuta. Estamos revendo os custos fixos. _

"R$ 7,2 bi de arroz nunca foram do RS"

Para o economista Marcelo Portugal, os R$ 7,2 bilhões que estão previstos para leilões de arroz e devem ser o maior valor "cancelado" pela Secretaria do Tesouro Nacional são uma perda relativa:

- Os recursos para leilões de arroz nunca foram para o RS. Eram uma desculpa para beneficiar empresas do restante do país. Poderiam ser usados para outra finalidade no Estado, mas talvez seja melhor cortar, antes que sejam usados para outra coisa e aumentem o déficit.

Portugal tem longa trajetória de defesa de ajuste fiscal. _

Apoio tecnológico para indústrias

Depois de apoiar empresas afetadas pela enchente, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) fez nova parceria com a Federação da Indústria do Estado (Fiergs) e o Senai-RS. Desta vez, com o programa MetaIndústria estendido a médias, pequenas e microindústrias.

O foco é ajudar o empreendedor a incluir novas tecnologias no processo produtivo, como computação na nuvem, robótica e inteligência artificial. Será apresentado na segunda-feira no Instituto Senai de São Leopoldo, às 9h. _

Uma ação de limpeza da Transpetro tirou de praias da Região Sul mais da metade do lixo encontrado em 13 pontos do país. Do total de 5,7 toneladas, 2,9 t foram recolhidas em Tramandaí, Grande (SC) e Roccio (PR). Parte do material foi para cooperativas de reciclagem e o lixo não reciclável, encaminhado para empresas de limpeza.

GPS DA ECONOMIA 

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