sexta-feira, 13 de setembro de 2024



13 de Setembro de 2024
GPS DA ECONOMIA - Marta Sfredo

Momento adverso para Autoridade Climática

A Amazônia está em chamas, metade do Brasil respira fumaça, algumas cidades já tiveram chuva escura e as orelhas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fervem. Acuado pela demora na adoção de medidas efetivas para conter a destruição da floresta e do Pantanal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação da Autoridade Climática.

É mais uma estrutura pública em um país em risco de "estrangulamento orçamentário" - quando as despesas obrigatórias consomem toda a receita. Enquanto isso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino exerce a autoridade climática de fato: convocou 10 governadores para verificar o cumprimento de medidas emergenciais contra queimadas.

O problema, claro, não está na Autoridade Climática, sugerida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ainda na formação do governo. Mas voltar com essa ideia enquanto a floresta arde é achar que uma gota resolve o problema das queimadas.

Bioeconomia tem vastas oportunidades

A essa altura, até o mais criptonegacionista da mudança do clima respira seus efeitos. Mesmo assim, parece importar mais a polarização do que uma discussão séria do que fazer para não incinerar as oportunidades que o Brasil tem com a floresta em pé. As possibilidades de ganho com bioeconomia são vastas.

O climatologista Carlos Nobre não se contentou em cansar de advertir para os riscos do aquecimento global: lançou o pré-projeto do inovador Instituto de Tecnologia da Amazônia, que pretende ser um centro de pesquisa e ensino pan-amazônico, inspirado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e focado no desenvolvimento de uma nova bioeconomia.

Não é questão ideológica, é de sobrevivência. E exige velocidade na resposta do setor público, das empresas e de cada um de nós. O custo da descarbonização é alto e não pode ser bancado só pelo setor privado, como disse à coluna um executivo muito comprometido com as agendas social e ambiental, Gustavo Werneck, CEO da Gerdau. Só se torna viável se todos compartilharem a conta. _

Captação para vila chega a R$ 11 milhões

A parceria entre Melnick, Gerdau e Gerando Falcões para o primeiro projeto Favela 3D (de vida digna, digital e desenvolvida) no RS captou R$ 11 milhões. O valor será aplicado na construção da nova infraestrutura da Vila Costaneira, em Eldorado do Sul, cidade que teve a maior parte das moradias atingidas pelo dilúvio de maio.

Já confirmaram contribuições Gerdau, Fundo RegeneraRS, Instituto Helda Gerdau, Melnick, Tramontina, CMPC, Dell, Oleoplan, Vibra Foods, SLC Máquina e Aeromot.

A previsão é de investimento de R$ 17 milhões em obras de saneamento básico, intervenções de melhorias habitacionais, desenvolvimento social, geração de renda e inclusão digital.

O projeto que a rede de ONGs Gerando Falcões já implantou em 10 comunidades no Brasil ainda inclui o programa Decolagem, que acompanha cada família atendida por meio de aplicativo e mentorias, e a construção de um centro comunitário.

Os esforços para captar aportes financeiros para a iniciativa continuam. Conforme as estruturadoras do projeto, Gerdau e Melnick, outras empresas estão sinalizando interesse em participar. A ambição é replicar o projeto em outras áreas do Estado atingidas pela enchente. _

7 mil

brasileiros já foram beneficiados pelo projeto de educação financeira Unipoupe, do Instituto Unicred, braço social da cooperativa gaúcha. A primeira experiência internacional do programa ocorre em Maputo, capital de Moçambique, em parceria com a organização social Khandlelo, que atua na formação de jovens. Como se fala português por lá, facilita a aproximação. A plataforma tem recursos educativos sobre planejamento financeiro, investimento, empreendedorismo e economia circular.

band-aid climático

O ar "insalubre" respirado em boa parte do país, inclusive no RS, inspira empresas a atender a demanda do enfrentamento da mudança do clima. A Ecoquest, de São Paulo, quer expandir atuação no RS. E diz ter tecnologia da Nasa, a ActivePure, que promete melhorar a qualidade do ar em ambientes fechados em até 20 minutos. Foca em vendas em hospitais, hotéis, bancos e indústrias, mas já começa a atender casas e edifícios comerciais.

Banrisul com Sonza e no mundo

Tem crédito para produtor rural

Na cerimônia que marcou os 96 anos do Banrisul, seu presidente, Fernando Lemos, fez um apelo inusitado:

- Avisem os produtores rurais que temos crédito disponível para o custeio da safra.

Uma das possíveis explicações, avalia o presidente do Banrisul, é a situação dos produtores que esperam pela formalização da renegociação de dívidas para quem sofreu perdas com a enchente.

- Para nós, esses produtores estão regularizados, é só contratar - esclarece Lemos.

A preocupação de apelar para maior agilidade na contratação é o prazo relativamente curto para o início da preparação da safra de verão, explicou o presidente do Banrisul. _

GPS DA ECONOMIA

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