sexta-feira, 27 de setembro de 2024

 Kamala Harris, suas verdades por ela mesma

as verdades que nos movem

Jaime Cimenti 
 
 
Com a saída do presidente Joe Biden da corrida presidencial deste ano nos Estados Unidos, sua vice Kamala Harris foi indicada para concorrer à presidência. O ingresso da ex-Procuradora-Geral da California e ex-senadora deu novos contornos e energias para as eleições. O debate com Trump há poucos dias mostrou um pouco mais sobre a personalidade e as atividades de Kamala, que está à frente nas pesquisas eleitorais.
 
As verdades que nos movem (Editora Intrínseca, 394 páginas, R$ 44,90), autobiografia de Kamala, traz desde os tempos da menina nascida em 1964, que cresceu em Oakland, uma cidade californiana com forte senso de justiça, até anos mais recentes. Kamala desde criança demonstrou sensibilidade social e muito cedo passou a trabalhar na promotoria, tendo chegado a Procuradora-Geral da Califórnia.
 
Filha de imigrantes, Kamala fala de sua família, das lutas sociais nos Estados Unidos e dos muitos anos de sua atuação pública, marcada pelas lutas sociais contra o preconceito e pela proteção aos direitos de refugiados e imigrantes. Se for eleita, Kamala será a primeira presidente mulher e a primeira presidente asiático-americana negra dos Estados Unidos.
 
A marca registrada de Kamala foi trabalhar com a aplicação de uma abordagem holística, baseada em dados, a muitas questões das mais espinhosas, sempre evitando de combater o crime de uma forma implacável, mas sem cair em ser extremamente flexível. Abordar o crime com inteligência sempre foi o seu mantra. Pensar em inteligência como sendo o que é o melhor para a comunidade e em como resolver fazer gestão de crises de modo a buscar o que as pessoas têm de melhor.
 
Os críticos cobram, com algumas razões, que Kamala precisa ser mais explícita em temas econômicos, em temas de administração pública, em aspectos de geopolítica e em questões de imigração e inflação.
A autobiografia de Kamala é importante para conhecer esta líder nesses tempos difíceis que vivemos, concordando ou não com ela e suas proposições.
 

A Divina Comédia em prosa

No consagrado livro Por que ler os clássicos, o genial escritor e professor Italo Calvino traz textos sobre trinta obras clássicas da literatura universal e da literatura italiana. No artigo que abre o livro, Calvino fala das características, da importância e da perenidade dos clássicos e mostra como são diversos e como é importante conhecê-los. Segundo Calvino estamos sempre "relendo" os clássicos e eles são livros que podem proporcionar leituras intermináveis. São obras que trazem temas universais, de suas épocas e que passam com dez no julgamento dos leitores, dos acadêmicos e, acima de tudo, do tempo, que é o juiz maior e melhor.
 
A publicação de A Divina Comédia (L&PM Editores, 34 páginas, R$ 66,70), versão em prosa, com tradução do italiano, apresentação e notas do tradutor e professor-doutor Eugênio Vinci de Moraes, faz lembrar as lições do mestre Italo Calvino e se encaixa perfeitamente como uma das obras mais influentes e importantes da literatura mundial.
 
Dante Alighieri (1265-1321), autor da obra fundadora da língua e da literatura italiana, narrada em primeira pessoa, a escreveu enquanto estava exilado em Florença, devido a rixas políticas. A obra é um grande poema estruturado em três partes, cada uma com trinta e três cantos e um canto a título de introdução, totalizando 100 partes. São 14.233 versos do provavelmente mais longo poema do ocidente. Os versos foram escritos em tercetos de decassílabos, com o esquema de rimas alternadas e encadeadas.
A Divina Comédia , com sua estrutura épica e propósitos filosóficos, partiu do dialeto local, o florentino, variedade do toscano. Dante mostrou que o dialeto (e não só o latim) era adequado para o mais elevado tipo de expressão e, a partir daí, ficou estabelecido como o italiano padrão. De fato, ele é a matriz do italiano atual. Há quem diga que a Divina Comédia é a Suma Teológica de São Tomás de Aquino em verso.
 
O protagonista Dante encontrava-se viajando, perdido na selva escura e encontra Virgílio, o grande poeta, que o acompanha em uma jornada até o Inferno, um vale nas entranhas da terra, e depois ao Purgatório, onde as almas se purificam dos pecados capitais. Virgílio é tido por muitos como a representação da razão e o responsável por conduzir Dante nos caminhos que o levam até Beatriz. Pois será Beatriz, a musa de Dante, quem o conduzirá ao Paraíso, formado por nove céus.
 
A Divina Comédia , ao lado de grandes clássicos como Dom Quixote, de Miguel de Cervantes; Fausto, de Goethe; Os Lusíadas, de Camões; Guerra e Paz, de Liev Tolstói; e alguns outros, depois de 700 anos segue vivo, até em quadrinhos e videogames, não só pela beleza da forma, mas também pelos conteúdos universais e atemporais. E, é claro, acima de tudo porque os leitores querem que seja assim.

Lançamentos

a infância de joana

A mulher de dois esqueletos (Dublinense, 160 páginas, R$ 69,90), romance da premiada escritora e tradutora Julia Dantas, autora de Ruína & Leveza e Ela se chama Rodolfo, traz a protagonista de quase quarenta anos dividida entre a maternidade e a criação artística. Frases bem torneadas, parágrafos e capítulos bem estruturados e narrativa fluente mostram a destreza e a maturidade de Julia.
 
BDP- Branding de Perto (Planeta, R$ 62,70, 288 páginas), do experiente construtor de marca Galileu Nogueira, fundador da Galileu Branding, é um ótimo guia prático para construir e gerenciar marcas. O autor ensina a criar uma nova marca ou a gerenciar a marca existente, mostrando detalhes do processo de construção com exemplos práticos.
 
A infância de Joana (Maralto, 80 páginas, R$ 59,90), da cronista, poeta, crítica literária e escritora Mariana Ianelli, autora de 24 livros, com fotos de Juliana Monteiro, é seu primeiro livro de ficção. Final dos anos 1980, inícios dos anos 1990, fragmentos, recortes de cenas e rastros de acontecimentos são narrados, mostrando as várias meninas que compõe Joana.

A propósito

Alguns vilões, elogiadores, falsos profetas, políticos malandros, fraudadores e corruptos juramentados e de carteirinha que atuam com ousadia e desenvoltura em nossa era de cambalachos deveriam saber que, no oitavo círculo do inferno, estão os aposentos para eles e para quem está com CNPJ ou CPF cancelado. Fossas cheias de piche fervente aguardam os pecadores, sem pressa. Quando eles põem a cabeça para fora, são espetados por demônios que os vigiam com tridentes. Numa das fossas estão os hipócritas, obrigados pela eternidade a vestir uma capa dourada revestida de chumbo por dentro, pesadíssima. Eles se arrastam.
(Jaime Cimenti)

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