19 de Setembro de 2024
ENTREVISTA - Carlos Rollsing
ENTREVISTA
Sebastião Melo (MDB)
Aos 66 anos, é o atual prefeito. Também foi vice-prefeito entre 2013 e 2016, na gestão de José Fortunati, e deputado estadual entre 2019 e 2020.
"Faltam 3 mil vagas em creches e o compromisso é zerar"
Criticado pelas falhas do sistema de proteção que resultaram na tragédia de maio, Sebastião Melo defende a resposta à crise e cobra mais participação de outros governos. Também prega mais medidas voltadas ao Centro e investimentos em mobilidade urbana.
A prefeitura ainda não finalizou reparos no sistema de proteção à enchente. A cidade está mais vulnerável?
Estamos fazendo intervenções nas casas de bombas 17 e 18. A empresa das comportas já escolhemos. Temos comportas que teremos de trocar e outras que podem ser remodeladas. Os portões abertos estão protegidos por bags, aqueles sacos de areia com cimento utilizados no mundo inteiro. Não estamos sem proteção. E temos outro problema a discutir. As obras de proteção também passam pela limpeza do Guaíba, competência do governo do Estado.
Além de reparos emergenciais, o que precisa mudar na estrutura definitiva?
O sistema se mostrou insuficiente pela quantidade de chuva que chegou. A proteção de cheia tem uma lógica: cuidar da bacia (hidrográfica do Guaíba). Além de anunciar recursos, tem que se criar uma governança (no dia 17, foi anunciado que caberá ao governo estadual executar as obras, com o uso de recursos de um fundo). A prefeitura de Porto Alegre não pode fazer obra em Canoas. Ou é o governo do Estado que tem a coordenação político- administrativa ou a União. ? O Centro e o 4º Distrito alagaram em 2023 e já se sabia das falhas das casas de bombas e dos portões. O senhor recebe críticas porque teria tido a oportunidade de reparar e não fez. Por que merece nova chance?
O PT governou a cidade por 16 anos. Por que ele não fez um sistema novo? Todas as casas de bombas estavam funcionando e houve intervenções e modernizações na nossa gestão. Os portões que estão aí vieram dos governos que me antecederam. As vedações dos portões tiveram intervenções. O que não dá é dizer que as causas do alagamento foram duas casas de bombas. Isso é uma mentira desmascarada. Foram 20 locais que vazaram água na cidade. Houve múltiplas falhas do sistema. Um caminho fácil numa eleição é buscar o culpado.
O senhor elegeu a revitalização do Centro Histórico como prioridade. As obras do Quadrilátero Central não acabaram, tampouco a demolição do Esqueletão. Quais as projeções para a região?
Estamos investindo R$ 70 milhões se somarmos Quadrilátero Central, Esqueletão, viaduto Otávio Rocha, Praça da Matriz, Mercado Público e Usina do Gasômetro. Se reeleito, vou dar um IPTU diferenciado para o Centro, residencial e comercial, mas isso vai ser casado com melhorias de calçada, pintura de prédio. E vou começar um projeto no Centro de calçada-padrão. Não ter calçada padronizada é um problema de mobilidade humana.
Os contêineres de lixo orgânico são usados de forma errada e costuma haver acúmulo de lixo no entorno. Como avalia?
Esse contrato que está aí é emergencial. Já temos uma empresa vencedora da licitação e vamos começar em algumas áreas com o segundo contêiner, só para o lixo seco. Se der certo, a gente vai aumentando gradativamente. Quando deu a crise, mandei a prefeitura fazer uma pesquisa. Majoritariamente, o cidadão gosta do contêiner, mesmo com as dificuldades. Tem o problema da tampa, que não deveria abrir. O novo sistema será diferente. Só tem um caminho: conscientização e parceria. O contêiner é uma coisa civilizada, mas precisamos de regras que começam dentro de casa.
O seu plano de governo cita a construção de um VLT em via elevada na Avenida Farrapos. É viável?
Não acredito em metrô subterrâneo. Teria de rasgar a cidade no meio. Metrô de superfície a longo prazo é possível. O VLT é um sistema sustentável e está nos empréstimos internacionais que a prefeitura está buscando. Compramos 12 ônibus elétricos e inscrevemos a solicitação de empréstimo junto ao BNDES para encaminhar uma mudança de frota. Antes de falar em metrô, vamos trabalhar para botar mais ônibus elétricos, que têm sustentabilidade e dão conforto ao cidadão.
? Porto Alegre caiu no Ideb e houve corrupção na Secretaria da Educação (Smed). O que deu errado e como consertar?
Ter colocado 7 mil crianças de zero a cinco anos (na creche) foi um avanço. Faltam 3 mil e pouco e o compromisso é zerar. A formação continuada foi importante para os professores e temos mais de 400 agentes inclusivos. Reconheço que tivemos muitas mudanças de secretários. Se reeleito, vou cuidar pessoalmente de convencer um quadro para ser secretário. Quanto à Smed, determinei que a nossa Controladoria abrisse inquérito. Se alguém cometeu (crime), tem de pagar.
O seu plano de governo prevê a duplicação do HPS e a construção do novo Hospital Presidente Vargas. Pelas características, ajudarão a reduzir as filas do SUS?
Vou criar um mutirão permanente que vai custar R$ 5 milhões por mês. Vou tirar esse dinheiro de algum lugar para diminuir a fila. O Hospital Presidente Vargas vai continuar público. A Câmara já nos autorizou a pegar R$ 300 milhões de empréstimo pelo BRDE. O parceiro privado vai entrar com outros valores. Vamos duplicar a capacidade do Hospital Presidente Vargas, que hoje está esgotado. Será mantido 100% SUS, só que a gestão, para diminuir a burocracia, passa a ser parceirizada. Terá dinheiro público, privado, e a concessão é de 20 anos. O pronto-socorro é outra lógica. Vamos captar no mercado, nas emendas parlamentares e aplicar recursos próprios.
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