Campanha na Capital ainda é morna
Passada mais da metade da corrida eleitoral, os candidatos à prefeitura de Porto Alegre ingressam no período decisivo da campanha com o desafio de tocar corações e mentes dos eleitores. Enquanto em outras metrópoles, como Belo Horizonte e Fortaleza, quatro ou cinco concorrentes se engalfinham para chegar ao segundo turno e em São Paulo o acirramento desborda para a violência física, na capital gaúcha a sensação geral é de que a campanha ainda não empolgou a população. Faltando 19 dias para a eleição, a impressão é compartilhada entre as principais chapas na disputa.
No comitê de Sebastião Melo (MDB), a interpretação é de que uma disputa monótona favorece o prefeito, que aparece liderando a maior parte das pesquisas de intenção de voto. A avaliação interna é de que as críticas e denúncias apresentadas pela oposição não colaram em Melo, embora se espere que a oposição suba o tom na reta final. Aliados do prefeito projetam que, em caso de crescimento nas sondagens, há possibilidade de vitória em primeiro turno, mas a coordenação de campanha tenta conter esse discurso temendo desmobilizar a militância.
Reta final
No staff petista, a análise é de que o desinteresse pela campanha repete tendência cada vez mais frequente nas eleições do Estado e da Capital, no qual a população define o voto na última semana. Maria do Rosário (PT) deverá seguir apostando no discurso de que Melo mostra na propaganda uma cidade diferente da vida real e transfere responsabilidades.
A chapa também deve começar a explorar a ligação entre Melo e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao qual as pesquisas atribuem uma avaliação negativa no eleitorado porto-alegrense. Entre os estrategistas, há convicção de que haverá segundo turno contra o prefeito, considerando remotas as chances de crescimento de Juliana Brizola (PDT).
Enquanto isso, no comitê de Juliana o discurso é de que o quadro está aberto e que, por ser menos rejeitada, a pedetista tem mais condições de crescer na reta final. Para as semanas decisivas, há disposição de intensificar a campanha de corpo a corpo, colocando equipes em 50 pontos de grande movimentação, e atrair eleitores insatisfeitos com Melo e que não desejam votar no PT.
A propaganda eleitoral começará a sublinhar as diferenças entre Juliana e os outros dois concorrentes, passando ao largo da polarização. Para a última semana, o plano é pregar o voto útil, argumentando que ela tem mais condições de derrotar Melo no turno decisivo. _
Para fazer bancada
Sem candidatos próprios à prefeitura, PSOL e Podemos são os dois partidos que mais investiram nas candidaturas a vereador de Porto Alegre, mostra levantamento feito ontem.
Líder do ranking, o PSOL aportou R$ 2,13 milhões, enquanto o Podemos enviou R$ 2,08 milhões. Na sequência, aparecem PCdoB, com R$ 1,68 milhão, PL, com R$ 1,61 milhão e PT, com R$ 1,07 milhão.
Maiores repasses
Individualmente, os candidatos a vereador que receberam os maiores repasses de seus partidos em Porto Alegre são do PCdoB e do PL.
Os três maiores aportes foram para os comunistas Abigail Pereira (R$ 605 mil), Giovani Culau (R$ 490 mil) e Luciane Pereira (R$ 482 mil).
Os outros dois são Marcelo Ustra (R$ 410 mil) e Nádia Gerhard (R$ 360 mil), ambos do PL. _
Gringo nos holofotes
O ex-governador José Ivo Sartori recusou o convite para concorrer a prefeito de Caxias do Sul, mas tornou-se peça-chave da campanha do MDB. Sartori é figura diária nos programas de rádio e TV de Felipe Gremelmaier.
O conceito da campanha é de que a cidade voltará a prosperar quando retomar o projeto iniciado por Sartori.
Fim da espera
Terminou ontem uma espera de 26 anos que afligia moradores do Vale do Rio Pardo. Foi assinado em Candelária o contrato que autoriza a retomada do asfaltamento da RS-410, no município, até a RS-403, em Rio Pardo.
A obra começou em 1994 e parou em 1998, com apenas oito dos 27 quilômetros pavimentados. Um dos articuladores da retomada, o presidente da Assembleia, Adolfo Brito (PP), assinou o contrato como testemunha. Na solenidade, o vice-governador Gabriel Souza disse que a obra custará R$ 60 milhões e tem previsão de término até a metade de 2026. _
Civilidade questionada
De passagem pela Assembleia ontem, o deputado federal Giovani Cherini (PL-RS) disse que o governador Eduardo Leite "tinha de ter sido macho" e impedido a criação do Ministério da Reconstrução. Cherini ainda chamou o ministro Paulo Pimenta de "interventor".
Em resposta, o secretário de Comunicação do Estado, Caio Tomazeli, afirmou que as divergências devem ser debatidas com civilidade e "declarações que remetem a estereótipos ou preconceitos de qualquer natureza são lamentáveis". _
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