Vereador não é deputado
Meme que circula nas redes sociais nas últimas semanas diz que Porto Alegre hoje está dividida em duas metades: a dos que foram atingidos pela enchente e a dos que são candidatos a vereador. A brincadeira tem como base uma percepção equivocada: a de que a capital gaúcha nunca teve tantos pretendentes à Câmara Municipal.
É exatamente o contrário. Em vez de aumentar, o número de candidatos à vereança na cidade caiu consideravelmente, com redução de 40,3% em relação à eleição passada. Hoje, são 517 concorrentes; em 2020, eram 866. A queda é resultado das recentes mudanças na legislação eleitoral, que limitam o número de candidatos a uma nominata igual ao total de cadeiras em disputa, que é de 35 em Porto Alegre. Além disso, sete partidos não apresentaram candidatos. Apesar da diminuição, o eleitor continua com muitas opções: praticamente todos os setores e segmentos da cidade estão representados. No entanto, mais uma vez, o que se observa é um cenário de indiferença, que só piora a cada eleição. O desinteresse é tanto que, aos olhos dos desavisados, pode parecer que só haverá votação para prefeito em 6 de outubro.
Os partidos políticos são os primeiros a enfraquecer o debate legislativo ao dar prioridade excessiva para a eleição majoritária. Esse desdém é um grave erro. A Câmara Municipal é responsável por criar leis e assegurar respeito aos interesses da população. Entre as leis, está o orçamento do município, que define a aplicação do dinheiro dos impostos. Além disso, cabe aos vereadores fiscalizar o prefeito, garantindo o cumprimento das metas de governo e das normas legais. Assim, é uma escolha que deve ser feita com muita seriedade e atenção.
No atual pleito, o grande risco é a polarização entre direita e esquerda, o que pode transformar as câmaras municipais em arenas para debates vazios, sem qualquer relação com os problemas reais do cidadão. Por isso, para o bem não só de Porto Alegre, mas de todas as nossas cidades, é essencial eleger políticos comprometidos com as questões locais. Discursos vazios e moções de apoio ou repúdio sobre temas nacionais inflam o ego dos protagonistas, mas não resultam em benefício direto para o eleitor. Vereador não é deputado, muito menos senador. Tenha isso em mente ao votar e priorize candidatos com propostas concretas, realmente capazes de melhorar a sua vida e a sua comunidade. _
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