quarta-feira, 25 de setembro de 2024


25 de Setembro de 2024
INFORME - Rodrigo Lopes

Falsas equivalências de Lula na ONU

Em seu discurso de ontem na ONU, Lula acertou o tom ao considerar o massacre de 7 de outubro de 2023 em Israel como um "ataque terrorista" - algo que o presidente tinha dificuldade em admitir publicamente nas primeiras semanas pós-atentado. Dessa vez, acertou.

Errou, no entanto, na sequência, ao afirmar que a ação gerou "uma punição coletiva de todo o povo palestino". O presidente caiu na armadilha das falsas equivalências. A operação israelense iniciada em 7 de outubro mira a organização terrorista Hamas, não o povo palestino da Faixa de Gaza nem a população da Cisjordânia, ainda que, infelizmente, haja grande número de mortos civis.

- O que começou como ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes, tornou-se punição coletiva de todo o povo palestino. São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se no direito de vingança, que impede um acordo para a liberação de reféns e adia o cessar-fogo - disse Lula na ONU.

Frustração

A grande decepção do discurso, entretanto, ficou por conta de sua fala sobre os incêndios que destroem Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Faltou um mea culpa em relação à catástrofe ambiental em andamento.

Crítica velada

Houve uma alfinetada velada ao dono do X, Elon Musk, quando o presidente referiu-se à democracia e à liberdade de expressão.

- O futuro de nossa região passa, sobretudo, por construir um Estado que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei - enfatizou.

Muito bem

No discurso de Lula, houve dois pontos altos: a crítica ao fato de nunca na história da ONU o cargo de secretário-geral ter sido exercido por uma mulher; e uma contumaz defesa da reforma do Conselho de Segurança da ONU, que, como se vê nos recentes conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, é incapaz de cumprir o papel para o qual foi criado: evitar a guerra.

- Estamos chegando ao final do primeiro quarto do século 21 com as Nações Unidas cada vez mais esvaziada e paralisada. Não bastam ajustes pontuais. Precisamos contemplar uma ampla revisão da Carta - afirmou. _

Na cabeça dos candidatos

Seguindo a série iniciada pela coluna, perguntamos aos quatro candidatos que lideram as pesquisas à prefeitura da Capital suas preferências culturais e uma personalidade inspiradora. Hoje é o dia de saber os interesses de Maria do Rosário (PT). _

Para monitorar as mudanças climáticas

No auge da tragédia climática em Porto Alegre, com o centro administrativo e o Centro Integrado de Comando da Cidade de Porto Alegre (Ceic) alagados, o Executivo precisou se mudar para a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus), no bairro Três Figueiras.

O episódio demonstrou a necessidade de se montar um Centro de Monitoramento e Contingência Climática, que entra em operação amanhã no prédio. Logo abaixo do gabinete do secretário Germano Bremm, a área terá salas com monitores que irão receber, por exemplo, os dados aferidos pelos novos sensores que irão medir o nível do Guaíba e dos arroios da cidade e informações das estações meteorológicas.

A secretaria também está lançando um edital de R$ 1 milhão para a contratação de uma empresa que fará o monitoramento meteorológico, hidrológico e geológico de Porto Alegre. _

Plano de Ação Climática da Capital

O relatório final do Plano de Ação Climática de Porto Alegre será entregue amanhã pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). O trabalho teve início em 2023 a partir do compromisso assumido em Glasgow, na COP26, em reduzir em 50% as emissões de gases de efeito estufa até 2030 e zerá-las até 2050.

A iniciativa envolveu consultoria da WayCarbon, junto com o Iclei América do Sul.

Segundo o secretário de Meio Ambiente, Germano Bremm, a previsão é de que o relatório se torne um projeto de lei. O Executivo estima investimento de R$ 25 milhões em prevenção climática. _

Ciência como herança para o RS

Uma das heranças deixadas pelo Ministério da Reconstrução do RS, atualmente uma secretaria ligada à Casa Civil da Presidência da República, é um projeto que irá apoiar pesquisas sobre a crise climática em universidades federais do Estado.

A iniciativa denominada "RS: Resiliência e Sustentabilidade", é uma cooperação com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).

Os consultores que coordenarão o processo são o cientista político Marcelo Daneris, doutor pela UFRGS e ex-secretário do Conselho do Desenvolvimento Econômico do RS, e o economista Pedro Marques, também oriundo dos quadros da UFRGS, com doutorado na USP. A coordenação do projeto é dos professores Aldo Fornazieri, também gaúcho, atualmente diretor acadêmico daquela instituição de ensino, e Roberto Alonso, gestor de Projetos da Fundação.

Dois consultores contratados fizeram um mapeamento junto às universidades federais e separaram 10 linhas de pesquisas que estão sendo desenvolvidas para serem apoiadas. Todas as universidades federais gaúchas contam com pelo menos uma linha de pesquisa.

Conforme João Ferrer, ex-chefe de Gabinete da Secretaria da Reconstrução, a parceria foi pensada como um legado aos desafios para o futuro.

Não haverá recursos públicos. O financiamento é uma captação feita pela FESPSP junto à Open Society Foundations. O projeto gira em torno de R$ 300 mil. 

INFORME

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