Os métodos e os motivos que levaram a cadeirada
Desde o fim da noite de domingo, os jornais, redes sociais e rodas de conversa falam do mesmo episódio: o caso em que José Luiz Datena (PSDB) arremessa uma cadeira em Pablo Marçal (PRTB) durante um debate entre candidatos à prefeitura de São Paulo.
A coluna conversou com Francieli Campos, presidente do Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral. Para ela, o caso pode ser considerado um ato de violência política, quando há agressão física envolvida, porém, no caso de Marçal e Datena, há um histórico nas abordagens dos candidatos que levaram as "vias de fato".
- Marçal usa um conceito que se chama economia da atenção. Ele tem origem na digitalização das campanhas. Com as redes sociais, o eleitor vai e cobra o candidato e interage com ele. Ao mesmo tempo, é um paradoxo, porque traz uma certa desumanização. Tem coisas que falamos na internet que não falaríamos ao vivo para a pessoa - explicou Francieli à coluna.
Conforme a dirigente, a violência política que está ocorrendo em 2024 é resultado da desumanização das campanhas nas redes e da utilização de ataques como forma de capturar a atenção do eleitor:
- Isso faz com que haja desestabilização na mente de quem consome a comunicação da população. E faz uma incitação ao conflito, que é exatamente o que Marçal faz com a economia da atenção.
Provocação como estratégia
Francieli explica que, logo no início, Datena afirmou que não faria perguntas a Marçal. Ao mesmo tempo, o candidato provocou o apresentador de TV, citando supostos casos de assédio e chamando-o para o conflito.
- Agora, se assistirmos à coletiva que o Marçal dá depois que saiu do hospital, ele faz ataques piores do que fez no debate, porque precisa, é como ele estruturou a campanha. Ele queria, estava buscando aquela cadeirada. Quando o Datena pega a cadeira, ele olha e fala: "Vai". Não sai correndo, insiste na provocação - analisa ela.
A especialista também faz a leitura de que Marçal percebeu durante a semana que o tucano era o adversário mais psicologicamente desequilibrado, levando em conta entrevista de dias antes, na qual ele chorou, e a discussão que ambos tiveram em outro encontro.
- A Tabata (Amaral, PSB) não cai nas provocações, Marçal já tentou e não conseguiu. O Boulos (PSOL) seria um assunto requentado. E ele pega a vítima mais vulnerável. Há um método naquilo, e ele fala abertamente nas entrevistas, que investe para entrar na mente e desestabilizar os oponentes.
Marçal disse que pediria a cassação de Datena, contudo a advogada não vê crime eleitoral.
- É um crime de justiça comum. Pelo que eu li, Marçal vai fazer corpo de delito e o advogado dele já teria feito registro por lesão corporal e injúria, e, nesse caso, é crime comum. Não vejo base jurídica para a cassação da candidatura. _
Eleição está ganha por Pablo Marçal?
Apesar de similaridades do caso de Marçal com a facada sofrida por Jair Bolsonaro em 2018, a presidente do Instituto Gaúcho de Direito Eleitoral, Francieli Campos, não acredita que seja fato definidor para o pleito:
- O pessoal fala que a facada elegeu o Bolsonaro. Que o tiro vai eleger Trump. Acho que isso não vai acontecer com Marçal. A facada foi gratuita. Naquele momento, Bolsonaro não estava fazendo nada para ninguém. Acho que, como Marçal na última semana estava meio apagado, vai inflamar aqueles que já votavam nele. _
Sindicato aponta más condições do CAFF e da 1ª CRS
O Sindicato dos Servidores de Nível Superior (Sintergs) solicitou ao Ministério Público do Trabalho (MPT) a intervenção imediata do Centro Administrativo Fernando Ferrari (Caff) e da 1ª Coordenadoria Regional de Saúde (1ª CRS) devido a más condições de trabalho e a risco de incêndio nos prédios.
O documento, enviado ao MPT no fim de agosto, reúne fotos que apresentam o cenário observado nos espaços.
- Desde a reabertura do CAFF após a enchente de maio, os banheiros, distribuídos entre os andares, estão interditados ou em mau funcionamento. Temos relatos de servidores que precisam descer andares para ir a um banheiro - explica o presidente do Sintergs, Nelcir Varnier, informando que a própria diretoria do sindicato realizou a vistoria.
Já na 1ª CRS foi contratado um relatório técnico e pericial para constatar os problemas.
- Foi verificado que o espaço é muito pequeno para todos os trabalhadores, tem mofo e a situação da fiação elétrica é um desastre - diz Varnier.
O laudo aponta que não existe brigada de incêndio e nem Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCI). _
Pedido ao MPT e resposta do Estado
Entre as solicitações ao MPT, está a intervenção imediata a fim de que sejam realizadas obras para restabelecer condições de trabalho. Segundo Varnier, o processo pode ser levado para a esfera judicial.
Por nota, a Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), que cuida do Caff, informou que está realizando uma série de melhorias nas instalações, em especial a reforma de todos os sanitários. A Secretaria de Saúde prevê a reforma da rede elétrica da 1ª CRS em outubro, com transferência de servidores. _
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