Jaime Cimenti
Veraneio no Litoral Norte
Entra veraneio, sai veraneio,
escrevo uma crônica mais ou menos como a que estou escrevendo agora. Mesmo com
engarrafamentos amazônicos, problemas de fornecimento de água e luz e outros de
infraestrutura, mesmo com problemas de criminalidade, abastecimento etc., os
gaúchos seguem para o litoral em busca de um ar fresco, dos amigos , de
descanso e lazer.
A queixa de que as prefeituras
cobram IPTU e não fazem muito pelos veranistas continua. Os proprietários de
imóveis em condomínios horizontais, especialmente, pagam IPTU alto e resolvem
praticamente tudo, com seus recursos. Os ambientalistas e a legislação seguem
rígidos talvez demais e não se pode plantar nada na orla, quando, no Rio de
Janeiro, por exemplo, o poder público investe em recuperação de flora marinha.
As prefeituras poderiam construir
deques de madeira nas avenidas beira-mar. Não custa muito caro e todos
aproveitariam. Enfim, veranistas e moradores do litoral deveriam, a meu ver,
conversar mais entre si e buscar soluções e melhorias. Seria bom para todos.
Boa parte dos veranistas passa só os oito ou nove fins de semana na praia.
Uma parte fica durante a semana.
As férias escolares por vezes terminam antes de fevereiro acabar e aí o
veraneio fica reduzido. Por que não férias nas duas primeiras semanas de março,
melhor mês? Todos aproveitariam mais as casas, apartamentos, colônias de
férias, hotéis e pousadas. Pessoas de baixa renda teriam mais acesso. Acho que
todos nós estamos nos contentando com pouco e que as coisas poderiam ser bem
diferentes, para o benefício dos moradores e veranistas.
Nem vou falar de preços,
condições higiênicas, até na beira da praia e outros detalhes. Eu sei, eu sei,
o quente da praia é a turma, o contato com a família e os amigos, churrasquinho,
camarãozinho, chopinho, ótimo isso tudo, estou dentro, mas, mesmo repetitivo,
escrevo sobre o tema, por que tenho esperança de que o samba não morra e que a
gente consiga dar um upgrade no veraneio. Acho que precisávamos também criar
opções para aproveitar o litoral durante o resto do ano. Sei que é difícil, que
é cultural e que no inverno ninguém está a fim do vento e do frio.
Pois é, vamos nos reunir,
conversar, ver alternativas. Férias escolares mais longas no verão, maior
diálogo entre veranistas e moradores, prefeituras mais atentas com os
veranistas, deques na beira, mais vegetação e árvores na orla, melhor
infraestrutura, esgoto, luz etc. Acho que é possível. Você pode dizer que sou
um sonhador. Tomara que eu não seja o único.
Cartas para a redação.