terça-feira, 3 de dezembro de 2013


03 de dezembro de 2013 | N° 17633
PAULO SANT’ANA

Analisando as canções

Há uma canção célebre entre nós, brasileiros, que diz assim: “Quem parte leva saudade de alguém/ que fica chorando de dor”.

Nunca entendi a letra dessa canção. Em primeiro lugar, se quem parte deixa alguém chorando de dor, então por que é que parte? Por que é que não fica?

Mas se tem de partir, então por que quem fica chorando de dor não parte junto?

Nunca entendi.

O contrário desse dilema se dá na canção célebre me parece que de Vinicius de Moraes: “Ai, vontade de ficar/ mas tendo de ir embora”.

Pior seria se tivesse vontade de partir mas fosse obrigado a ficar.

A letra de música mais idiota que conheço é de uma antiga marchinha carnavalesca: “Se a uva fosse como a melancia/ ai, ai, eu não passava por debaixo/ do cacho/ eu não passava por baixo do cacho”.

Me enganei, a letra de música mais idiota que conheço é de outra antiga marchinha carnavalesca: “O chinês Patichuli/ toca a flauta de bambu/ quando acaba de tocar/ bota flauta no baú”.

Na marcha em que ia a rima, pensei que enfiava a flauta noutro lugar.

E este outro antigo samba é sensacional: “Vagabundo que na minha cara der/ tem de fazer testamento e se despedir da mulher/ se tiver filho, deixa uma recordação/ cara que mamãe beijou vagabundo nenhum põe a mão”.

Este outro é um antigo samba de breque do Jorge Veiga: “Me convidaram pra fazer um samba/ lá no Morro da Alegria/ me apresentaram pro dono da casa/ era um tal de Malaquia/ ele me disse, em sua homenagem, eu já mandei preparar o prato./ Eu fiquei indignado/ quando me disseram que comi carne de gato./ Malandro não dá mancada/ vou pôr minhas mãos à obra/ vou convidá-lo para uma peixada, vai ser carne de cobra”.

E terminava no breque: “Surucucu, cascavel”.


E eu, que jogo sempre na Codere, sócia do Jockey Club ali na 24 de Outubro, quanto mais perco nas apostas do turfe, mais me lembro do samba também do Jorge Veiga: “Todo fim de mês o Edgar faz isso/ se mete nas corridas e lá se vai o aluguel/ chegando lá, muito contente fiz a acumulada/ o Rubem disse que era uma barbada/ cavalo Bacharel não podia perder/ a saída foi boa, um corpo na frente/ foi bem aplaudido por toda a gente/ mas a chegada é que foi de amargar/ fui ver o meu cavalo estava em último lugar”.

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