segunda-feira, 5 de dezembro de 2011



05 de dezembro de 2011 | N° 16908
ARTIGOS - Fábio Pesavento*


O final de ano que ninguém gostaria

Os desdobramentos recentes da economia internacional, em especial da zona do euro, têm pautado a condução da política econômica brasileira. Isso pode ser observado na recente decisão de reduzir a taxa Selic, a qual descortina um cenário pouco animador para 2012.

Sem uma solução de curto prazo para a Grécia, ocorre uma crescente deterioração das expectativas (com destaque para a revisão, para baixo, das previsões de crescimento econômico global). Assim, espera-se uma continuidade de um ambiente restritivo para a economia internacional que pode influenciar o desempenho doméstico.

No que tange à economia brasileira, existe uma situação moderada do ritmo da atividade econômica. A baixa da taxa de desemprego (situação próxima de pleno emprego) e o nível de crédito, especialmente ao consumidor, que ainda não apresentou uma queda significativa, favorecem o cenário.

Contudo, o ambiente exige cautela em função do crescimento da inflação, do aumento do grau de incerteza externo e, como consequência, da deterioração das expectativas de empresários e de consumidores. Portanto, espera-se uma redução do nível de atividade interno no próximo ano.

A propósito, essa é aposta da autoridade monetária, que desenha um agravamento do cenário externo com desdobramentos negativos sobre a economia brasileira em 2012. Em função disso, projeta que a inflação convirja para o centro da meta, abrindo espaço para reduzir a taxa de juros e evitar um recrudescimento da atividade econômica brasileira.

Tal posicionamento não é consensual, porém é reforçado pelo desempenho de alguns indicadores domésticos que mostram uma queda do nível de atividade, em especial a produção industrial.

Por fim, merece destaque o comportamento não usual para os padrões históricos de países emergentes. Até pouco tempo atrás, quando de uma crise internacional, tínhamos a fuga de capitais externos, aumento das taxas de juros, do risco país, desvalorização do real etc.

Hoje, chama a atenção o amadurecimento da economia brasileira, com destaque para o papel ativo do mercado interno. Contudo, o prosseguimento dessa trajetória de consolidação requer a implementação de reformas estruturais importantes como as reformas tributária, previdenciária e política. De todo modo, o ambiente institucional atual, mesmo carecendo de melhorias, mostra os avanços obtidos.

*Coordenador do Núcleo de Economia Empresarial da ESPM-SUL

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