sábado, 3 de dezembro de 2011



03 de dezembro de 2011 | N° 16906
CLÁUDIA LAITANO


Primavera cultural

Depois de um longo e tenebroso inverno, começam a brotar os primeiros sinais de que a cultura gaúcha pode estar voltando a florescer. Três iniciativas que foram notícia esta semana deram uma injeção de ânimo (nos otimistas) e apontaram caminhos para gestores culturais atuais e futuros. Que venha 2012 com boas notícias como as seguintes:

1) Parcerias com a iniciativa privada

O Auditório Araújo Vianna será reinaugurado em março, estalando de lindo. O custo da obra deve chegar a R$ 18 milhões, bancados por Oi, Vonpar e um banco privado. A Opus, administradora da reforma, ganhou o direito de explorar comercialmente o Araújo por 10 anos – num projeto de gestão compartilhada no qual a empresa gerencia o espaço em três quartos do ano. Nas datas restantes, a prefeitura define a programação. O Araújo está voltando da tumba graças à parceria do poder público com a iniciativa privada. E pensar que tinha gente jogando contra...

2) Investimento de dinheiro público em cultura

Não existe retrato mais bem-acabado do desleixo de sucessivos governos com relação à área cultural do que o estado de abandono a que esteve relegada a Casa de Cultura Mario Quintana nos últimos anos. Quando um dos maiores orgulhos do Estado corre o risco de desabar na cabeça dos visitantes, não é apenas o prédio que está em ruínas, mas a autoestima de todos os gaúchos também.

Esta semana, foi anunciado que o Banrisul vai investir R$ 8 milhões, via Lei Rouanet, na revitalização e modernização do mais querido centro cultural do Estado. Política cultural é isso: definir onde o dinheiro público é mais urgente e necessário, fazer as costuras de bastidores e traçar metas que não se limitem aos reparos na infraestrutura, mas projetem uma identidade de programação coerente com o espaço e as demandas da cidade. A Casa de Cultura tem que voltar a ser bonita de corpo e de alma.

3) Cooperação

A companhia francesa Théâtre du Soleil proporciona uma experiência cênica que nenhuma plateia esquece. Graças ao festival Porto Alegre Em Cena, vamos vê-la pela segunda vez na semana que vem – em Canoas.

O excepcional aqui não é a qualidade da programação do Em Cena, mas o fato de dois prefeitos de partidos diferentes terem passado por cima das vaidades pessoais e das picuinhas políticas para, unindo esforços, tornarem possível esta segunda visita do Théâtre du Soleil ao Estado.

Vale a pena ouvir o que eles disseram: “Hoje, os gestores públicos devem unir esforços para buscar qualidade de vida a populações que vivem muito próximas. ” (José Fortunati, prefeito de Porto Alegre). “Participamos de uma rede mundial que acredita nessa visão de metrópoles que cooperam e trabalham de forma propositiva.” (Jairo Jorge, prefeito de Canoas).

Assim é que se faz a primavera do nosso contentamento.

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