Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
05 de setembro de 2011 | N° 16816
L. F. VERISSIMO
Milagre
Deus colocou uma barra de ouro na cabeceira de um rabino, que quando acordou e viu o que Deus tinha feito ergueu as mãos para o alto e disse:
– Senhor, quem sou eu para receber esta dádiva?
E, diante do silêncio de Deus, o rabino continuou:
– Quem sou eu para ser distinguido desta maneira?
E:
– Quem sou eu para enriquecer assim, da noite para o dia?
E disse mais:
– Quem sou eu, pobre de mim, para merecer um presente tão precioso, quando tantos mais necessitados do que eu não receberam?
E mais:
– Quem sou eu, Senhor, na minha humildade, para ser abençoado por este milagre?
E Deus ficou tão impressionado com os protestos reincidentes do rabino que falou:
– Talvez eu tenha mesmo me enganado, e essa barra de ouro seja para outro rabino...
Ao que o rabino escondeu a barra de ouro dentro da camisola, rapidamente, e disse:
– Quem sou eu para ser a prova de que Deus se engana?
Perfumes
E tem a parábola do mendigo cego que todos os dias recebia uma esmola de uma mulher que passava, e que ele reconhecia pelo perfume. Cada dia um perfume diferente.
– Mmmm. Violeta – dizia o mendigo, depois de ouvir o tilintar da moeda no seu chapéu..
– Acertou – dizia a mulher.
No outro dia:
– Mmmm. Jasmim. Maravilha.
– Obrigada.
– Mmmmm. Rosa.
– Acertou de novo.
Todos os dias a mesma coisa.
– Mmmm. Lírio.
– Mmmm. Cravo.
– Mmmmm. Dracena.
Um dia a mulher disse ao mendigo que não tinha nenhuma moeda para lhe dar.
– Não importa – disse o mendigo. – Só o seu perfume de gardênia já me enche de prazer.
– Obrigada!
Até que um dia a mulher resolveu testar o mendigo. Perfumou-se de enxofre e amoníaco e despejou muitas moedas no seu chapéu. E o mendigo ouviu o tilintar das muitas moedas, aspirou fundo e exclamou:
– Mmmmm. Flor de laranjeira!
Decidido
(Da série “Poesia numa hora dessas?!”)
Encoste o ouvido num tronco
e ouça o sangue do mundo rodando.
Encoste o ouvido no chão
e ouça o mundo ronronando.
O mundo funciona sozinho
e com destino decidido.
Recolha-se ao seu cantinho
e, claro, limpe o ouvido.
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