quinta-feira, 8 de setembro de 2011



08 de setembro de 2011 | N° 16819
EDITORIAIS


O impasse do metrô

A frustração provocada pelas novas exigências do governo federal em relação ao metrô de Porto Alegre não pode imobilizar os envolvidos num projeto prioritário para a mobilidade urbana da Capital e da Região Metropolitana.

Ao reduzir o aporte da União, depois de longas negociações, o governo reapresenta um impasse que já parecia resolvido a partir do momento em que o projeto foi reavaliado, por iniciativa da prefeitura, para se adequar às condições impostas por Brasília.

Desde maio, com a definição do projeto e o aval do Ministério das Cidades, que estabelecia as contrapartidas de cada esfera de poder na viabilização da ideia, as expectativas se concentravam unicamente no anúncio do início das obras.

Em um único dia, na terça-feira, reverteram-se quase todas as tratativas que levaram ao desfecho da inclusão de Porto Alegre na lista de capitais que contariam com metrô. Argumenta o governo federal que a redução no aporte de verbas decorre do fato de que, no conjunto, as demandas das capitais ultrapassaram os limites fixados pela União.

Outro fator que agora conspira contra o metrô seria o aperto orçamentário do governo federal, com poderes além do admissível para concentrar verbas. São argumentos técnicos, que devem ser levados em conta, mas não podem comprometer um esforço que mobiliza não só as autoridades, mas todas as lideranças gaúchas, há tanto tempo.

A situação criada vai exigir a rearticulação de forças e uma reavaliação de procedimentos, pois a reviravolta levanta algumas dúvidas. É de se perguntar, por exemplo, como o projeto foi acolhido pelo Ministério das Cidades e pelo Ministério do Planejamento e agora esbarra em entraves apresentados pelo próprio Ministério do Planejamento e pelo Tesouro. O que falhou nas negociações que vinham sendo feitas?

Qual era a autonomia da Secretaria de Mobilidade Urbana para ratificar o plano de Porto Alegre e ser agora desautorizada pelas áreas que detêm o poder de liberar verbas? A União, o Estado e a prefeitura são desafiadas a encontrar respostas e soluções, em meio à escassez de recursos, para que o metrô não seja ameaçado pelo jogo de empurra e pela transferência de responsabilidades.

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