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quarta-feira, 14 de setembro de 2011
14 de setembro de 2011 | N° 16825
ARTIGOS - Luiz Etevaldo da Silva*
Educação, política e o piso do magistério
Pensar na relação entre educação e política é algo que se faz há muito tempo, porém ainda é um debate que não se esgotou. São pertinentes reflexões acerca deste tema. Primeiro, é interessante se definir o que podemos entender por política, qual a concepção deste conceito que está na nossa subjetividade, na nossa compreensão.
A política está no processo educativo, na organização da cidade e na luta dos trabalhadores por melhores condições de vida. A tentativa de apropriação do conceito de política é algo sem fim. Sempre somos exigidos a redefinir os princípios que sinalizam situações que envolvem relações de poder.
Ao pensar no conceito de política associado à educação escolar, estamos adentrando em um campo amplo, complexo e cheio de possibilidades. Amplo porque a política está presente, em tese, em todas as relações sociais.
O processo educativo, então, não acontece desprovido da dimensão política. Como diz Paulo Freire: “Todo ato educativo é um ato político”. Ao educar, nos referenciamos por posições políticas pensadas por nós, professores, ou por outros, que a utilizamos, às vezes, sem saber quem a pensou e por quê.
O conceito de política é complexo, pois, em geral, não se expressa natural ou espontaneamente, é preciso se pensar para além do evidente e penetrar no aparente. Ideias políticas podem ser providas de artimanhas, sub-reptícios, subterfúgios, interesses e estratégias. Ao pensar a vida em sociedade, utilizamos o conceito de política, cuidado com a pólis, com as instituições, com aquilo que configura as organizações sociais.
As possibilidades da política são muitas, infinitas, tal como são possibilidades da História. As dimensões políticas do ser e estar no mundo se constituem no arcabouço filosófico e sociológico que define as estratégias de ação e reflexão sobre o mundo, isto é, a práxis, como pensar e agir para transformar a sociedade.
A própria luta dos professores por melhores condições de trabalho, defesa do piso do magistério, é uma luta política, pois envolve interesses, justificativas éticas, busca de justiça, valorização do trabalho e intencionalidade em valorizar a educação como instância social. O processo educativo, nesse sentido, postula o desenvolvimento social e cultural, como ideal de sociedade. Lembrando sempre que segundo Freire, “todo educador deve acreditar que é possível ocorrer mudanças.
Todos devem participar da história, da cultura e da política. Ninguém deve ficar neutro, nem estudar por estudar. Todos devemos fazer perguntas, não podemos ficar alheios”. E as perguntas para este momento podem ser: Por que o governo não cumpre a Lei do Piso do Magistério? As leis só devem ser cumpridas pelos cidadãos? Até quando a negação do direito? E qual minha atitude como professor neste processo?
*Professor, mestre em Educação nas Ciências e membro da diretoria do 31º Núcleo do Cpers (Ijuí-RS)
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