segunda-feira, 26 de setembro de 2011



26 de setembro de 2011 | N° 16837
PAULO SANT’ANA


Os que me sucedem

Meu neto Pedro Wainer tem 15 anos de idade e é campeão brasileiro de sabre, sei lá como lhe deu na cabeça disputar esse esporte.

Ele mora em São Paulo e anda por todo o Brasil em busca desses torneios de esgrima.

Ontem comemos massa no Copacabana, disputava-se um torneio de esgrima na PUC daqui. Ele comeu depressa e foi pegar o avião, esses meninos de hoje viajam como se fossem executivos e o impressionante neles é o senso de responsabilidade.

Manejam a Internet como eu nunca na idade deles consegui controlar a máquina de escrever, viajam sozinhos, compram passagens aéreas sozinhos, têm cartão de crédito pessoal. O Pedro, por exemplo, já está no primeiro ano do secundário e ameaça ser biólogo, embora o pragmatismo lhe deixe de olho no curso de Administração de Empresas.

Meu neto Gabriel Wainer também mora em São Paulo, é irmão de Pedro e tem 19 anos.

Eu quase não acredito que aquele menino nascido há 19 anos e que na ocasião me inspirou uma coluna intitulada O anjo Gabriel seja já um adulto, esteja trabalhando na empresa do pai e na semana passada tenha apresentado a sua primeira namorada a seus pais.

Gabriel é muito inteligente, escreve bem, já andou publicando artigos no Kzuka e por onde foi, nesses anos todos de escola, os professores perguntavam a ele se tinha alguém que escrevia bem na família.

Minha filha Ana Paula tem 23 anos e me pregou a seguinte peça: estudou três anos Veterinária e se transferiu para o curso de psicóloga.

Tem um amor arrebatado pelos animais, os cães a comovem a ponto dela se acercar deles e ministrar-lhes carinho afetuoso e insistente.

Ela largou a Veterinária, mas quer ser voluntária num serviço municipal que cuida dos animais de rua, julga sua vida inseparável dos animais que necessitam da atenção humana para sobreviver.

Esses garotos se juntam ao meu filho Jorge Antônio, de 40 anos, que se formou em Direito e está estudando Jornalismo no IPA, acha que é essa a sua vocação e eu agora também acho, tanto foi dele a insistência de procurar seguir essa carreira e minha a insistência para que ele se embretasse pelo meio jurídico.

Eu aconselho os pais a não se meterem na escolha da profissão dos filhos, é exclusiva deles essa decisão.

O Jorge Antônio me deu um neto, Luca, um sujeitinho espertíssimo que tem tiradas muito inteligentes, que são corujadas pela sua mãe, Clarice.

Gabriel e Pedro são filhos de minha filha Fernanda junto com o pai Sérgio Wainer. Fernanda está montando sua loja comercial de doces em São Paulo.

Essa é a minha sucessão, que dá ares de que dominará este século que me servirá de sepultura.

Lá vão eles, resolutos, em busca do seu destino. A diferença que existe entre eles e mim é que são dominados por um entusiasmo marcado pela curiosidade do que a vida há de proporcionar-lhes no futuro, mas todos parecem munidos da certeza de que eles é que construirão as suas carreiras, eles manobrarão o leme na direção do seu rumo.

Eu só fico de olho neles, distante, tolamente preocupado, amorosamente dedicado a essa turminha do barulho.

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