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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
21 de setembro de 2011 | N° 16832
ARTIGOS - Julio Dornelles de Matos*
S.O.S. hospitais filantrópicos
Há três meses, as entidades que integram o movimento S.O.S. Hospitais Filantrópicos entregaram ao governo do Estado um diagnóstico da realidade das 239 instituições desse tipo do Rio Grande do Sul. O documento retrata, com clareza, a implacável agonia a que estão submetidos os hospitais filantrópicos, que respondem por mais de 70% do total da assistência hospitalar aos pacientes do SUS em nosso Estado e são responsáveis por 519 mil internações das 730 mil feitas a pacientes do SUS no Rio Grande do Sul em 2010.
As razões da situação crítica dos filantrópicos são igualmente claras: em 2010, para cada R$ 100 de custo com assistência a pacientes do SUS, os hospitais receberam apenas R$ 64,50. Essa defasagem representou para os 239 filantrópicos um déficit de R$ 310 milhões. Esse ônus e a crescente defasagem entre custos e remuneração da assistência ao SUS nos anos precedentes empurraram os filantrópicos gaúchos a um endividamento de R$ 1,057 bilhão.
Endividados, exauridos em créditos e com as prefeituras – que, heroicamente, os sustentam – já ultrapassando o limite de suas condições, os filantrópicos marcham rumo à falência. Esse contexto insustentável levou à criação do movimento S.O.S. Hospitais Filantrópicos e, através dele, à busca do apoio do governo do Estado com a dotação emergencial de uma verba de R$ 100 milhões a ser aplicada unicamente no custeio da assistência dessas instituições.
Considerando que o Estado do Rio Grande do Sul é o que menos investe em saúde no Brasil, deixando de aplicar no setor em torno de R$ 1,2 bilhão por ano, os R$ 100 milhões do socorro solicitado se revestem de um modesto, porém vital, alento para a sobrevivência. Sem eles – e repassados já –, muitos hospitais serão obrigados a reduzir ainda mais seus serviços e uma boa parte deles fechará as portas, deixando sem assistência 7 milhões de gaúchos que só têm o SUS para manter a saúde e curar as doenças.
Três meses depois de ter entregue o diagnóstico e o pedido de R$ 100 milhões, o S.O.S. Hospitais Filantrópicos ainda espera ações efetivas do Estado e, sobretudo, que elas tenham a dimensão e a celeridade digna de um governo como o de Tarso Genro, que tem na vocação social seu lema e seu compromisso.
Esta é a situação dos hospitais filantrópicos de nosso Estado: por mais absurdo que seja, nas condições atuais, cada dia de atendimento aos pacientes do SUS representa um passo na direção da insolvência.
Basta de espera!
*Presidente do Sindicato dos Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do RS
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