segunda-feira, 19 de setembro de 2011



19 de setembro de 2011 | N° 16830
ARTIGOS - Cláudio Brito*


City marketing

Para especialistas e outros interessados, nenhuma novidade. Para mim, uma descoberta. Tardia, confesso, mas útil ainda. Estou aprendendo o que seja “city marketing”. Por força da pauta do Conversas Cruzadas de sexta-feira, na TVCOM, sobre a preparação de Porto Alegre para a Copa do Mundo, conheci o trabalho de quem se preocupa em fazer da cidade um bom produto. O professor e economista Abdon Barretto Filho participou do programa e trouxe ao debate a preo- cupação com os dias vagos do Mundial.

Entre os jogos previstos para o Beira-Rio, sempre haverá três ou quatro dias de intervalo e a cidade tem que estar pronta para isso. Vale o mesmo, claro, para outras regiões, como a Serra e suas vinícolas, o Vale do Sinos e os vestígios da colonização alemã ou a Quarta Colônia e o sítio paleontológico. Há turistas do mundo inteiro interessados em nossos dinossauros. Tudo isso é vendável.

Cinco verbos comandam a relação entre economia e turismo: visitar, comer, entreter, comprar e dormir. No primeiro, incluímos o desejo de alguém viajar para algum lugar. O que pode atrair visitantes e como encantá-los. Comer abrange qualidade, disponibilidade e preço bom. Entreter é o fundamental.

O turismo de entretenimento, que gera eventos e mobilização, como Gramado nos ensina com suas comemorações natalinas, sustenta essa indústria e desperta a vontade de se viajar para algum canto do mundo.

A Copa não será o único entretenimento, e, para tirarmos partido das possibilidades que o período abrirá, temos que atuar com profissionalismo. Como ensina Abdon: “Convém salientar que para atrair e manter relacionamentos duradouros o marketing é importante”.

Manter relacionamentos? Sim, temos que encantar quem vier ao Brasil para os jogos. Será bom que todos voltem um dia. Importante que recomendem o destino descoberto. Já se vê que o verbo comprar está atendido. Não apenas pela venda de lembranças de viagem e outras mercadorias, mas pela venda de serviços. As pessoas terão que “comprar” a cidade.

Tudo o mais será consequência. O verbo dormir dispensa explicação. Conforto, limpeza, segurança e tarifas aceitáveis estão no cardápio das exigências dos que usarem a rede hoteleira.

Considerando os dados da última Copa, o maior contingente de visitantes terá entre 30 e 35 anos de idade, formação superior, boa renda e espírito de aventura. Público que, na África do Sul, lotou os hotéis de três estrelas, clara preferência a se repetir por aqui. Mas, cuidado, excelência se exige de todos, seja qual for a constelação afixada na fachada.

Enfim, se alguma dúvida restar sobre o legado de uma Copa do Mundo, percebe-se com facilidade que a herança sempre é boa. Intangível muitas vezes, mas importante. Descobre-se muita coisa pela motivação que o empreendimento desse porte representa antes, durante e depois.

Fiz uma descoberta agora. Espero outras até 2014 e nos anos seguintes. Mais que esperar, buscarei.
*Jornalista

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