sábado, 24 de setembro de 2011



24 de setembro de 2011 | N° 16835
DAVID COIMBRA


Como um homem escolhe o amigo

Há quem diga que os amigos de verdade se mostram nas horas difíceis.

Bobagem.

É muito fácil ser amigo nas horas difíceis. A pessoa está frágil, está precisando de ajuda, e você lhe dá uma esmola de atenção, ou se torna presente num determinado evento, e é o que basta.

Não. Isso não basta. O amigo de verdade você conhece no dia a dia, nas pequenas ocorrências da vida. O amigo de verdade é aquele que demonstra respeito por você, que demonstra prazer com sua companhia e que demonstra interesse em partilhar com você os episódios comezinhos da vida dele e da sua.

Não falo de dividir sentimentos. Não. Dividir sentimentos também é fácil. Qualquer mulher divide os seus sentimentos com outra mulher. E você acha que elas são amigas? Nada! Ela vai lá, queixa-se para a outra, desabafa e, quando segue cada uma para um lado, ela chama a outra de falsa. Falar sobre sentimentos é tão fácil que você pode fazê-lo com um completo desconhecido, alguém que o escuta a soldo e com diploma na parede.

O amigo está acima disso. O amigo jamais será grosseiro com você, mesmo quando você está de mau humor; o amigo estará sempre pronto sentar à mesa com você e falar de todas as pequenas coisas desimportantes da existência; o amigo entenderá quando você desmarcar o compromisso 15 minutos antes da hora marcada; o amigo aceitará marcar o compromisso 15 minutos antes da hora marcada; o amigo preocupa-se com você, mas não se importa com os seus erros; o amigo ri de você na sua frente e briga quando alguém ri de você às suas costas.

Esse é o amigo.

O amigo será sempre leal, mesmo que não esteja sempre presente.

Como é que um homem escolhe outro homem para ser seu amigo? Não é uma opção intelectual, nem lógica.

Estava vendo agora os resultados das pesquisas que indicam os motivos que fazem um homem escolher um clube para torcer. Por causa do pai, por causa do amigo, por causa das vitórias. São razões plausíveis. Mas existem algumas imponderáveis, algumas que um torcedor não sabe explicar.

São razões que estão além das afinidades eletivas, razões semelhantes àquelas que um homem tem para escolher o seu amigo. São razões da alma, profundas, secretas, que o homem nem sabe direito quais são, mas que estão lá. Que fazem com que ele se torne um torcedor fiel e um amigo leal. Para sempre.

O melhor time do mundo

O esquema de jogo que é o pai de todos os esquemas de jogo é o 4-3-3. Esse sistema é o que dispõe de forma mais equilibrada os jogadores num campo de futebol. Mas o 4-3-3 ideal é o que conta com alguns jogadores bem característicos. De preferência assim:

Dois brutamontes dentro da área, ambos altos e bons cabeceadores. Um mais técnico, “o que fica”; outro mais rápido, “o que sai”. Nas laterais, dois jogadores de fôlego, que conseguem ir ao ataque e voltar para a defesa sem se cansar. Os dois marcam bem e cruzam bem. Mais não precisa.

O centromédio é forte, alto e tem bom passe. Tudo de bom começa por ele e tudo de ruim termina nele.

Os meias têm de ser movediços, têm de correr muito, os tais que “estão em toda parte”. Não precisam ser marcadores implacáveis como o centromédio, mas têm de combater, têm de ir e vir como os laterais. Só que os laterais vão ao fundo do campo e os meias entram na área. Os meias TÊM de entrar na área e saber fazer gol.

Os pontas, ou atacantes, como preferir, haverão de ser rápidos. Um deles tem de voltar para ajudar no meio campo. O outro tem de ser artilheiro.

O centroavante pode ser pequeno ou grande, pode ser lento ou rápido, pode ser o que quiser, desde que faça gol.

Pronto. Esse é o melhor time que se pode fazer. O velho 4-3-3, sem mistérios, sem dores. O resto são variações com outros nomes. É assim, sempre foi, sempre será.

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