sábado, 10 de setembro de 2011



11 de setembro de 2011 | N° 16822
PAULO SANT’ANA


Faíscas do pensamento

Adiferença entre Cristo, Buda e Maomé, é que estes dois últimos não se intitulavam Deus.

Sei que esta tristeza que já vai lá pra 30 dias não é uma depressão porque não me encerro no quarto e não fico achando que a vida não tem sentido.

Se chato é aquele que nos tira da solidão sem nos fazer companhia, não menos desagradável é aquele que nos faz companhia sem nos tirar da solidão.

O produto da solidão é o tédio, já o produto da depressão nos parece ser a provável loucura.

Tanto que os psicanalistas oferecem hoje milhares de remédios contra a depressão e nunca receitaram remédio qualquer contra a tristeza.

Porque os remédios contra a depressão são enérgicos contra o metabolismo e o único remédio contra a tristeza é o tempo.

Se para alguns a alegria é uma doença e a tristeza é a única saúde, para mim a alegria é um milagre e a doença o meu estado estável.

Com o presente me confundo, do passado cobro e do futuro exijo.

Leio que a Fiesp fez um levantamento e constatou que é de R$ 50 bilhões a R$ 84 bilhões anuais o montante da corrupção no Brasil.

Já a Controladoria-Geral da União constatou que só no Ministério dos Transportes a corrupção somou R$ 700 milhões em um ano.

Incomoda-me a pergunta insistente que faço a mim mesmo: se eu não me conspurcaria se lidasse diretamente com tamanhas somas em dinheiro.

A diferença entre o ladrão comum e o corrupto é que o ladrão comum é marginalizado do meio social, enquanto o corrupto é quase sempre o mais ilustre integrante do meio social.

Por que ninguém dá nada por um vereador corrupto enquanto é tão respeitado um senador corrupto?

Não sei por que eu consegui distinguir o senador corrupto pelo tope da sua gravata.

Escolha depressa: é mais digno ser corrupto e ter a aparência de honesto ou ser honesto e ter a aparência de corrupto?

Pode um corruptor não se corromper?

É tão difícil ser corrupto pobre quanto ser rico sem corromper-se.

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