sábado, 10 de setembro de 2011



11 de setembro de 2011 | N° 16822
MEDO FEMININO


Roubo de veículos assombra gaúchas

A cada quatro horas, uma mulher tem o carro roubado. Esta, entre outras estatísticas de Porto Alegre e do Estado, assustam as gaúchas ao volante

O aumento do número de roubos de veículos em 2011 tem mudado o comportamento das gaúchas ao volante no Estado. A morte da fotógrafa Maria Cristina da Silva Vieira, 52 anos, na zona norte de Porto Alegre, em 19 de agosto, aumentou ainda mais a preocupação. Estatísticas justificam o temor.

No Rio Grande do Sul, o mês de julho registrou 22,3% de crescimento nos roubos de veículos em relação ao mesmo período de 2010. Na Capital, onde os dados da Polícia Civil podem ser esmiuçados por gênero, houve uma elevação de 15,4% nos roubos, e, entre as mulheres, ela foi mais acentuada: 21,4%. O crime cresceu quase o dobro dos 11,8% de crescimento com vítimas do sexo masculino.

Até o ano passado, as mulheres representavam 36,8% das habilitações para dirigir e 36% das vítimas de roubo de carro. Agora, elas totalizam 37% das carteiras, mas 37,9% dos assaltados. Embora pequena, a diferença percentual indica que elas já são mais visadas.

– Eu parei de estacionar na rua. Se não tem estacionamento, vou de táxi – conta uma universitária de 25 anos que pediu pra ter o nome preservado, assaltada neste ano na Zona Norte quando chegava à casa de uma amiga.

Segundo a delegada Vivian Nascimento, titular da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículo, alguns comportamentos femininos podem potencializar as chances de assalto:

– A mulher não deve se maquiar dentro do carro, ficar no telefone ou, pior, mexer na bolsa na hora de descer. Esse tempo a mais dentro do carro aumenta a chance de abordagem.

Segundo a delegada, mais do que o sexo da vítima, a decisão dos bandidos de atacar um carro depende mais de outras questões, como iluminação do local, menor número de testemunhas e rotas de fugas.

– Não notamos relação entre mulheres ou homens decorrente do porte físico. É muito mais a oportunidade que leva a escolha da vítima – diz Vivian.

Difícil é explicar isso às quase 1,4 mil mulheres atacadas em Porto Alegre entre janeiro a julho. Uma a cada quatro horas.

francisco.amorima@zerohora.com.br

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