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sexta-feira, 16 de setembro de 2011
16 de setembro de 2011 | N° 16827
ARTIGOS - Oscar de Souza*
Somos apenas insensíveis?
A imprensa acaba de publicar duas matérias que apresentam pontos em comum: a primeira sobre o aproveitamento dos alunos que cursam o 3º ano do Ensino Fundamental; a segunda, sobre os resultados do último Exame de Ordem da OAB.
Zero Hora havia publicado, em 3 de junho de 1985 (!), artigo meu abordando a mesma matéria. O título: “Colapso”... É fácil imaginar as razões do colapso, que se referia ao último Exame de Ordem...
Entrementes, bacharelou-se toda uma geração, mas persistiu aquela superada metodologia do ensino jurídico no país, objeto de minha crítica. Esse exame e o dos concursos da área jurídica ofuscam pela contundência dos números. Vinte e seis anos não teriam sido suficientes para modificar o sistema?
Encontro-me afastado há alguns anos da academia e dos cursos de especialização, por isso questiono: ninguém se dá conta dos equívocos do doloroso e reiterado fenômeno das reprovações em massa? Haverá ao menos alguns visando à inovação nessa área para sustar o desastre?
Lembro que, em 2009, estando em Cleveland, EUA, a primeira página dos jornais mostrou, com fotos e manchetes: a universidade local, privada, demitira o diretor da Faculdade de Direito por entendê-lo responsável pelo insucesso de seus alunos no exame de ordem americano: apenas 63% haviam sido aprovados! Algo parecido no Brasil?
Na outra ponta dessa pirâmide, encontramos a diferença gritante entre os resultados pífios obtidos pelos alunos de escolas públicas em relação às privadas. Se, por exemplo, em matemática, 25,7% não obtiveram um mínimo no desempenho no setor privado, esse índice sobe para 67,4% na escola pública.
Assim na leitura e na escrita. Hoje lemos: 87% das escolas públicas não alcançaram a média mínima exigida no Enem. E, manchete de Zero Hora segunda-feira: o Rio Grande do Sul caiu do primeiro para o quarto lugar na classificação do Ensino Fundamental!
Essa base ineficaz será responsável pelo descalabro no ápice do sistema. Estas as crianças, alcançado o nível superior (sustentam-se teorias no sentido de que nenhum aluno deverá ser reprovado!), possibilitarão a ocorrência do mesmo flagelo revelado pelos Exames de Ordem, cujo último resultado levou à reprovação de 88% dos candidatos...
Assustador é o fato de que entre os bacharéis em Direito é que se recolherão os futuros juízes, promotores e parlamentares! Por outro lado, como sustentar uma economia pujante, na era da informatização, se o ensino não é capaz de suprir nem mesmo as necessidades básicas do mercado em sua demanda crescente por mão de obra qualificada?
Advertência: não nos diz nada o fato de já sermos obrigados a importar profissionais qualificados, de nível, que aqui não temos condições de preparar?
*Desembargador aposentado
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