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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Jaime Cimenti
Darcy Alves merecidamente na ribalta
O violonista, cantor e professor Darcy Alves, sempre elegante e discreto, lembra Ataulfo Alves, Paulinho da Viola, Pixinguinha e outros que mostram que a música é mais importante do que o músico. Ao longo de uma carreira iniciada quando tinha 14 anos, em Santo Ângelo, e que continua, quando é um guri de 76, e acompanha, por exemplo, Plauto Cruz, Darcy leva a vida nas cordas, Plauto leva a vida na flauta.
O jornalista Paulo César Teixeira, em Darcy Alves - Vida nas cordas do violão (Editora Libretos), com texto afetivo e competente, coloca o homem e o músico na ribalta. De quebra, mostra como Darcy personifica a cena musical e a boêmia da cidade ao longo dos últimos 50 anos.
Com belas fotos em preto e branco, adequadas ao tema, os leitores acompanham Darcy no Interior e, depois, na Capital, onde foi morar numa pensão da Riachuelo e se iniciou como "exímio datilógrafo". Fernando Albrecht, do Jornal do Comércio, enriqueceu a obra com depoimentos sobre os tempos do American Boite, famosa casa noturna da Voluntários, a Rua do Pecado, e do legendário Adelaide's, da Marechal Floriano, de Adelaide Dias, que entre 1968 e 1989 foi uma das principais empresárias da noite da Capital.
Aconselhada por Lupicínio Rodrigues, ela passou a contar com as canjas de Darcy, Jessé Silva, Mário Barros, Azeitona, Marino do Sax, Clio do Cavaquinho, Plauto Cruz, Túlio Piva, Lúcio Quadros e outros. Fernando Albrecht, Paulo Sant'Anna, Danilo Ucha, Demósthenes Gonzalez e Hamilton Chaves, entre outros, frequentavam.
Em certo momento Darcy passou a trabalhar no Adelaide´s todas as noites. Se tornou o diretor artístico, escolhendo artistas, repertórios, datas e botando ordem no point. Em 1971, Adelaide abriu na José do Patrocínio 908 o bar e restaurante Chão de Estrelas.
Lá Lourdes Rodrigues, Cléa Ramos e Zilah Machado eram conduzidas por Darcy, que acompanhou Nelson Gonçalves, Ângela Maria, Beth Carvalho, Altemar Dutra e outros. Jamelão, quando vinha a Porto Alegre, não trazia violonista.
"Não precisa, tem o Darcy lá", dizia. Darcy passou pelas big bands, grupos de choro, acompanhou Lupi e a MPB e foi presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais de Porto Alegre, onde defendia os direitos dos colegas.
Yamandú Costa disse que Darcy integra uma nobre linhagem que manteve a tradição do choro, da valsa e da seresta, sempre com uma originalidade ímpar. Darcy é a elegância, a música e a noite saudáveis da cidade. Longa vida a ele.
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