sábado, 2 de janeiro de 2010



02 de janeiro de 2010 | N° 16203
PAULO SANT’ANA


Mulheres deram para beber

Eu insisto em não acreditar: um terço das pessoas que são flagradas embriagadas nos bafômetros em São Paulo são mulheres.

Assim é que, não mais que de repente, começou a crescer na capital paulista, durante as blitze da Lei Seca, o índice de mulheres embriagadas ao volante.

Até entre as mortes violentas no trânsito, começa a aparecer o perfil das mulheres como envolvidas nos acidentes.

Sem dúvida que espanta essa estatística. A imagem que nós todos temos das mulheres ao volante é de pessoas cuidadosas, delicadas, incapazes de agredir com manobras arriscadas, dispostas a deixar os outros passarem, sem querer ultrapassar a qualquer preço os outros motoristas.

Os guardas de trânsito de São Paulo também tinham essa imagem. Nem davam bola para mulher ao volante, sabiam que era quase impossível mulher embriagada ao volante.

Mas foram aparecendo algumas e agora já são um terço dos infratores as mulheres, talvez porque a polícia se alertou e passou também a fiscalizá-las.

Acontece que, quando os maridos e namorados bebiam, davam as chaves de seu carro para as mulheres. E elas passavam imunes pela fiscalização.

De repente, começaram a soprar os bafômetros também as mulheres, e os testes com elas passaram a dar positivo.

Ou seja, quando o marido ou namorado bebe, sua mulher bebe junto. E, se ele apresenta álcool no sangue, ela também apresenta.

Além disso, a estatística revela que a ascensão social da mulher levou-a também a incorporar hábitos nocivos que eram mais próprios dos homens.

O álcool é o mal do século. Seus efeitos na conduta humana são mais danosos do que os das drogas.

Esses dias, o delegado Llantada, da Delegacia de Homicídios, estava declarando que, entre as dezenas de homicídios havidos nos feriados de Natal, grande parte das mortes verificou-se na onda do álcool, quando os que mataram e também os que morreram encontravam-se embriagados na hora do crime.

O álcool mata no trânsito e fora do trânsito. Mata nas relações conjugais e mais do que mata: a maioria dos maridos que espancam suas mulheres está sob efeito do álcool.

Não há maneira mais fácil que drogar-se, basta ir ao bar da esquina ou então comprar cerveja e vinho do supermercado, e pronto: eis ali um bebedor transtornado, dentro ou fora de casa, muitas vezes ao volante.

Se o crack, a maconha ou a cocaína encontram milhões de adeptos, imaginem o álcool.

Todos os dias, a televisão e os jornais salientam os malefícios das drogas ilícitas. Ainda assim, viciam-se milhões de pessoas, que desdenham das campanhas públicas contra as drogas.

Imaginem com o álcool, a totalidade da mídia, principalmente a televisão, passa o dia inteiro fazendo campanhas a favor do álcool. Não há como resistir ao apelo das cervejas e dos vinhos na televisão.

A cada dia, novos adeptos vão se juntando aos antigos. E temos formada, então, uma legião de pessoas aptas aos transtornos, aos conflitos, às brigas e aos crimes.

Dá para imaginar o número de vítimas que o álcool faz no cotidiano das cidades. É uma catástrofe.

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