quinta-feira, 21 de janeiro de 2010



21 de janeiro de 2010 | N° 16222
PAULO SANT’ANA


Morte dos expedicionários

Há muito tempo ou há nenhum tempo, desde a II Guerra Mundial, não morriam soldados brasileiros em missão no Exterior.

Pois agora morreu quase uma vintena deles, acrescidos de civis, na campanha de paz do Haiti, que muitas vezes não é de paz.

Dois gaúchos mortos no Haiti tiveram ontem seus corpos desembarcados entre os mortos. Estão sendo prestadas honras militares ao primeiro-tenente do Exército Brasileiro Bruno Ribeiro Mário, de São Gabriel, e ao cabo Douglas Pedrotti Neckel, de Cruz Alta.

São os nossos heróis, os nossos mártires, a quem devemos demonstrar nossa admiração e gratidão.

Por isso é que vem a calhar, no momento em que voltam ao solo pátrio os corpos dos soldados mortos no terremoto do Haiti, o Hino do Expedicionário, linda canção composta por Guilherme de Almeida, o Príncipe dos Poetas Brasileiros.

Os dois gaúchos e os demais brasileiros que tombaram no cumprimento do dever são expedicionários cuja morte choramos e cuja saga foi cantada neste mais belo hino brasileiro em todos os tempos.

A letra é muito extensa, mas os principais versos publico a seguir:

Você sabe de onde eu venho?

Venho do Morro do Engenho,

Das selvas, dos cafezais,

Da boa terra do coco,

Da choupana onde um é pouco,

Dois é bom, três é demais,

Venho das praias sedosas,

Das montanhas alterosas,

Dos pampas, do seringal,

Das margens crespas dos rios,

Dos verdes mares bravios

Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá;

Sem que leve por divisa

Esse “V” que simboliza

A vitória que virá:

Nossa vitória final,

Que é a mira do meu fuzil,

A ração do meu bornal,

A água do meu cantil,

As asas do meu ideal,

A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,

Da casa branca da serra

E do luar do meu sertão;

Venho da minha Maria

Cujo nome principia

Na palma da minha mão,

Meu limão, meu limoeiro,

Meu pé de jacarandá...

Minha casa pequenina

Lá no alto da colina,

Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra

Deus permita que eu não morra

Sem que volte para lá...

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