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sábado, 30 de janeiro de 2010
30 de janeiro de 2010 | N° 16231
PAULO SANT’ANA
Sístole e diástole
Descobrimos, ainda a tempo, que nós, brasileiros, estávamos descuidados com a saúde do nosso presidente Lula.
Assistimos ao esforço hercúleo do presidente atingir, só em 2009, 83 dias viajando pelo Brasil e ainda 91 dias no Exterior, visitando 31 países. Três meses viajando pelo Exterior, quase outros três meses viajando pelo Brasil.
São seis meses só de viagens. Só quem viaja sabe o quanto isso é desgastante.
E só agora, depois da crise hipertensiva de Lula às vésperas do embarque para Davos, na Suíça, é que fomos perceber que descuidávamos da saúde do presidente.
Esse incidente é que afinal nos levou a dar maior atenção à saúde presidencial.
Ficamos sabendo até o que vem a ser a pressão sanguínea, isto é, a pressão exercida pelo sangue contra a parede das artérias.
Soubemos até, só agora, depois do susto de Lula, que uma medida considerada ótima para pressão arterial é menor que 120mm/Hg na sístole (contração do átrio) e 80mm/Hg na diástole (relaxamento do átrio).
E que, quando a pressão está entre 140mm/Hg e 90mm/Hg, ou maior, já é considerada alta.
O normal (ideal) da pressão é, portanto, 12 por 8. E Lula apresentou esta semana 18 por 12, daí por que os médicos o impediram de ir a Davos receber o título de Estadista Global no Fórum Econômico.
Eu gostaria de saber como é que se decide suspender uma viagem dessas. Se o presidente está acima de todos, como podem os médicos ordenar que ele não viajará e não receberá um título importante desses?
O mais correto talvez fosse dizer que o presidente Lula foi quem decidiu não viajar, a conselho do médicos.
Desde 2003, quando assumiu, Lula passou nada menos do que 426 dias no Exterior, enquanto que às viagens nacionais dedicou quase 600 dias.
E, quando está em Brasília, Lula tem uma agenda diária de pelo menos 12 horas.
Bota trabalho e vigília nisso. É uma agenda apertada que exige saúde muito boa de quem a cumpre.
Agenda tão estafante, que o presidente não achou tempo para fazer o seu check-up de 2009.
Apesar de exercitar-se fisicamente todos os dias, quando não está viajando, mantendo hábitos morigerados, destoa no entanto o presidente quando fuma cigarrilhas.
Mas afirma o chefe do Departamento de Hipertensão do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dr. Décio Mion Júnior, que não foram o cigarro, nem o resfriado, nem a dieta à base de proteína, as causas da crise sofrida por Lula.
Mion disse que o excesso de sal na alimentação ou de álcool também só afetam pessoas que já tenham um quadro hipertensivo, o que não é o caso de Lula.
Acrescentou o médico: “Se a pessoa acender um cigarro após o outro, pode sofrer uma elevação muito discreta da pressão, mas não uma crise aguda. O cigarro leva ao enfarte, não é recomendável, mas não age diretamente sobre a pressão”.
Admirável opinião médica esta que singularmente, em oposição à cascata que vem ao contrário, não atribui ao cigarro a causa de uma doença importante.
O fato é que depois desse conhecimento do quadro geral de Lula, que sentiu um desconforto, uma dor de garganta e apresentava uma coriza, nós, brasileiros, estamos advertidos de que temos que cuidar melhor da saúde do nosso presidente.
Os cuidados médicos são os seguintes: melhorar a alimentação, evitar o consumo de sal, exercitar-se e parar de fumar.
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