sábado, 30 de janeiro de 2010



31 de janeiro de 2010
N° 16232 -MOACYR SCLIAR


Namorando homens mais moços

Na hora da conquista, é bom que as “panteras” saibam que “carros de praça” viraram “táxis”

Nos Estados Unidos, elas são conhecidas como “cougars”, palavra que designa um tipo de felino e que a gente pode traduzir como “panteras”. São mulheres de meia-idade que não têm qualquer problema em namorar homens mais jovens – às vezes, bem mais jovens.

Exemplos: Madonna, Mariah Carey, Demi Moore, além de Susan Sarandon casada com Tim Robbins, 12 anos mais jovem (os dois recentemente se separaram). Hollywood também abordou o tema em pelo menos dois filmes famosos.

Um deles é A Primeira Noite de um Homem (The Graduate, 1967) de Mike Nichols, no qual um jovem egresso da universidade (Dustin Hoffman, então um garoto) apaixona-se por Mrs. Robinson, a bela esposa do sócio de seu pai.

A outra película é Ensina-me a Viver (Harold and Maude, 1972), de Hal Ashby, mais caricatural ainda, porque o melancólico garoto Harold apaixona-se por uma mulher de 79 anos, Maude (magistralmente vivida por Ruth Gordon).

E agora está em cartaz Chéri, do excelente Stephen Frears, baseado no romance de Colette, uma autora que já foi best-seller e que conta a história da paixão de uma cortesã já aposentada, Léa, por Chéri, filho de sua antiga companheira de profissão e rival, Madame Peloux. Sucedem-se as cenas tórridas, mas no final o filme é uma bela meditação sobre o que, realmente, é o amor.

Estamos acostumados com casais em que o homem é mais velho do que a mulher (não muito mais velho: isso nós estranhamos). É uma escolha que, do ponto de vista do homem, e sob o enfoque evolucionista hoje em alta, faz sentido: o macho quer uma fêmea capaz de uma longa vida reprodutiva, garantindo, portanto, a continuidade da espécie. Acontece que não só a biologia condiciona nossa existência. Fatores psicológicos e sociais também estão em jogo.

No caso do rapaz apaixonado pela pantera, imediatamente pensamos numa fixação edipiana, aquela que, segundo Freud, faz com que alguém busque na mulher a imagem da própria mãe. Mas existem outras razões, de ordem, digamos, prática. Uma mulher madura não tem a insegurança e os temores das mulheres mais jovens.

Pode ser financeiramente independente, o que dispensa o companheiro da necessidade de sustentá-la. Por outro lado, existe o problema do envelhecimento, das rugas, dos achaques; e, se o rapaz pensa em filhos, a situação se complica.

De qualquer modo, e apesar de todos os obstáculos e preconceitos, o modelo pantera veio para ficar. Um estudo feito nos Estados Unidos com mulheres acima de 40 anos que viviam sós mostrou que 34% estavam namorando homens mais moços: Léa, Mrs. Robinson e Maude ficariam felizes.

Mas é preciso adotar algumas precauções, como descobriu, certa vez, uma amiga nossa. Mulher de meia-idade, separada, ela marcou um encontro com um rapaz bem mais jovem num bar. No final da noite, ele se desculpou: não poderia levá-la para casa porque não tinha carro.

– Não te preocupes – ela disse – eu chamo um carro de praça.

A surpresa dele mostrou que ela havia cometido um erro, ao menos de linguagem. Faz tempo que os “carros de praça” viraram táxis. É bom que as panteras saibam disso.

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