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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Mestres reprovados
40% dos temporários de SP fracassam em exame de certificação; saída são concursos regulares para estabilizar corpo docente
A PROVA para certificação de professores temporários na rede estadual de ensino de São Paulo originou uma situação esdrúxula.
O exame, criado para verificar o domínio do conteúdo a ser ensinado e afastar das salas de aula aqueles mestres com nota inferior a 5, terá efeito limitado, tamanha foi a proporção de docentes na ativa reprovados: 40%.
Com isso, a Secretaria de Educação não escapará de convocar pelo menos alguns professores com desempenho insuficiente.
Em particular nas escolas mais distantes e problemáticas, a carência de profissionais certificados disponíveis impedirá seguir a ferro e fogo o plano original de só atribuir aulas aos aprovados.
De outro modo, os alunos ficariam sem professores, o pior cenário possível.
A iniciativa de criar a prova, apesar de correta, representa só um paliativo para uma anomalia grave, o fato de haver 80 mil professores temporários entre os 210 mil da rede estadual de ensino. Tal desvio decorre da raridade dos concursos públicos para preenchimento de vagas abertas.
A administração José Serra (PSDB) já anunciou a intenção de organizar concursos de modo periódico, em intervalos não superiores a quatro anos. A promessa é reduzir a proporção de temporários para 10% do corpo docente, tida como aceitável.
O primeiro certame tem inscrições abertas até 11 de fevereiro. Mal começará a sanar a carência, pois são 10.083 as vagas em jogo, apenas um oitavo do necessário e do que foi aprovado pela Assembleia Legislativa.
Além disso, os aprovados em concurso -se efetivamente contratados- só entrarão em sala em 2011. Antes, passarão por treinamento e nova prova de verificação da capacidade.
Cuidados recomendáveis para ter em classe os melhores mestres, embora a velocidade do processo esteja muito aquém das necessidades de um sistema de ensino deteriorado como o paulista.
Não é trivial reverter o resultado de décadas de omissão e descaso, claro. Melhor fazer a prova para professores temporários do que não fazê-la.
Como ela foi aberta também para candidatos às vagas provisórias, e não só para os já atuantes, hoje é possível contar com um total de 94 mil professores qualificados. Não soluciona todas as situações locais, mas rompeu-se a inércia.
O remédio definitivo é conhecido: realizar mais concursos, estabilizar um corpo docente qualificado e bem remunerado e cobrar dele resultados. Falta aumentar a dose e diminuir o intervalo de aplicação.
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