Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
28 de janeiro de 2010 | N° 16229
RICARDO SILVESTRIN
Profissão: artista
Não está muito associada à imagem do artista a ideia de trabalho. É comum achar que ele já nasceu talentoso. Como se uns fossem escolhidos pelos deuses para ser artistas e outros não. Ou seja, se nasceu com o talento, basta respirar que tudo vai dar certo.
Além disso, outra facilidade atribuída ao artista é a ideia da inspiração. Sugere uma noção passiva da criatividade. Não precisa o artista fazer nada. Vem a tal da inspiração até ele e tudo está resolvido. Ô, vida boa essa!
Lá na Grécia antiga, os poetas pediam auxílio às musas quando iam criar algo. As musas eram as filhas de Zeus na mitologia grega. Cada uma protegia uma arte ou ciência.
Segundo o mito, elas sopravam para os poetas a inspiração. Barbada! Esse mito até hoje está presente na imagem que se tem do artista. Não há uma entrevista em que ele não seja perguntado como vem a inspiração.
Mas, vendo o show Live at Last do Stevie Wonder no canal HBO, ficou evidente o quanto de trabalho deve ter havido para se chegar a tal perfeição cênica e musical. Comecemos pelo visual. Houve uma impecável seleção de figurino. A banda era composta por baterista, percussionista, baixista, dois guitarristas, dois no sopro, quatro backing vocals e mais o Stevie.
Doze pessoas no palco muito bem vestidas. Cada uma com um detalhe especial de acessório. Todas alternando elegância e descontração. Tons de preto predominando. Um conjunto visual harmônico, respeitando as individualidades. Quem fez esse trabalho? O figurinista ou o diretor de arte.
Atrás da banda, estavam lâminas em que passavam imagens em movimento se somando aos efeitos de iluminação. Já os arranjos trouxeram para o palco toda a beleza dos sucessos que nos acostumamos a ouvir e que foram primeiramente criados em estúdio. O que às vezes passa despercebido na equalização do disco, no palco é ressaltado pela performance do músico.
Mas houve também um trabalho de roteiro que fez das músicas individuais praticamente uma única peça sonora. Há mixagens, pontes entre cada canção. Termina uma, e algo por baixo já vai puxando outra. O som não para. Há um competente arranjador criando isso. Foi certamente muito tempo de ensaio para tudo sair e entrar no tempo exato.
As coreografias dos backing vocals são outro show dentro do show. Os passos estavam perfeitamente sincronizados. Quantos anos de estudo do seu instrumento cada um tem ali? Quantas horas de estrada até chegar àquele nível de performance?
E o compositor, cego, quanta música ouviu na vida para decifrar como se constrói uma? E certamente continua ouvindo para seguir adiante seu trabalho.
Sim, trabalho. Como essas duas horas em que ficaram no palco fazendo todo mundo se divertir e dançar na plateia. É verdade que eles também dançaram e se divertiram trabalhando.
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