sábado, 23 de janeiro de 2010



Beyoncé, a poderosa

Provocativa, mas nunca vulgar, a cantora americana – que se apresenta no Brasil em fevereiro – conquista os adolescentes sem ofender os pais. Ela é hoje o maior nome da música pop mundial

Sérgio Martins
Mr Photo/Corbis Outine/Latinstock


AS MEDIDAS DA ESTRELA
Altura: 1,70 m
Peso: 59 quilos Busto: 89 cm
Cintura: 64 cm Quadris: 102 cm
Discos vendidos no mundo: 25 milhões
Rendimentos anuais: 87 milhões de dólares
A MULHER DO SÉCULO

Beyoncé Knowles: hino feminista sobre um tabu do feminismo – a aliança de casamento

A revista Billboard, especializada em música pop, elegeu Beyoncé Knowles, de 28 anos, a mulher de 2009. Com mais de 25 milhões de discos vendidos em seis anos como artista-solo – aos quais se somam os 50 milhões de cópias do Destiny’s Child, grupo em que começou a carreira –, a americana é de fato um colosso do showbiz.

Na lista das 100 celebridades mais poderosas do mundo (seja lá o que isso for), publicada no ano passado pela revista Forbes, ela aparece em quarto lugar, atrás da atriz Angelina Jolie, da apresentadora Oprah Winfrey – e de outra cantora, Madonna, que, aos 51 anos, ainda bate na conta bancária a concorrente bem mais jovem.

De acordo com a revista, Beyoncé tem ganhos anuais de 87 milhões de dólares, contra 110 milhões de Madonna. Na música pop, porém, o momento conta mais do que a história – e este é o momento de Beyoncé. Seu último disco, I Am...

Sasha Fierce, vendeu 2,7 milhões de cópias nos Estados Unidos, enquanto Hard Candy, o mais recente de Madonna, ficou em 1 milhão. Beyoncé – que desembarca no Brasil no início de fevereiro para shows em Florianópolis, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador – é a voz mais ouvida nos iPods da moçada (e também está no aparelho do presidente Barack Obama, segundo declarou o próprio).

Sua balada Halo foi a música mais executada nas rádios brasileiras em 2009. Ela embolsa 20 milhões de dólares anuais emprestando o rosto e todo o resto a marcas como L’Oreal e Diamonds, perfume da grife Giorgio Armani. Mais do que a cantora do ano, Beyoncé é, até agora, a mulher do século no mundo pop.

Os shows do I Am... Tour, que os fãs brasileiros poderão ver em breve, trazem aquele gigantismo característico das grandes estrelas da música americana: duas horas e meia de duração, com muita coreografia, telões e efeitos especiais – em certo momento, a cantora voa sobre a plateia, suspensa por cabos. O repertório alterna baladas chorosas como Halo com canções dançantes que misturam as batidas do hip-hop à soul music das décadas de 60 e 70.

Beyoncé equilibra esses elementos com mais energia e carisma do que concorrentes como Rihanna ou Alicia Keys. Seus singles são o padrão-ouro do pop: fazem download instantâneo na cabeça de quem os ouve.

Mesmo quando tratam de ciúme e desilusão amorosa, as canções de Beyoncé dão voz a personagens femininas poderosas, como a tal Sasha Fierce (o sobrenome, em inglês, quer dizer feroz, bravia) que dá título a seu mais recente disco. Mas ela divide as feministas.

As mais radicais consideraram seu hit Single Ladies um retrocesso para a causa. Trata-se, afinal de contas, de uma mulher declarando que deseja uma aliança de casamento. Beyoncé, a propósito, é casada com o rapper Jay-Z. O maridão tem seu passado barra-pesada (já esfaqueou um desafeto), mas parece ter se aprumado.

Ao contrário de divas barraqueiras como Britney Spears e Mariah Carey, Beyoncé é boa moça até prova em contrário. Mantém uma fundação, a Survivor, que presta assistência a pobres e a vítimas de catástrofes como a destruição de Nova Orleans pelo furacão Katrina, em 2005. Seu cachê no filme Cadillac Records, no qual interpretou a cantora Etta James, foi revertido para associações que cuidam de viciados em drogas.

Na eleição presidencial de 2008, esteve engajada na campanha de Obama – até cancelou shows na Europa para fazer corpo a corpo (no caso, corpão a corpo) com eleitores na Virgínia e na Flórida. Valeu a pena: Obama convidou-a para fazer o show de seu baile inaugural na Presidência.

O histórico de correção política da cantora foi arranhado no réveillon, quando fez um show particular, em uma ilha do Caribe, para Mutasim-Billah, filho do ditador líbio Muamar Kadafi. E o cachê até que foi baixo: 2 milhões de dólares.

Provocativa, mas nunca vulgar, a música de Beyoncé alcança o público adolescente sem ofender os pais. Com seu ritmo fácil e repetitivo, Single Ladies até virou hit entre os bebês.

O vídeo de um menino de fralda dançando em frente a uma TV que exibe o clipe da canção já foi visto mais de 7 milhões de vezes no YouTube. O pai do garoto até criou um site, a fim de arrecadar dinheiro para a futura educação universitária do pequeno dançarino.

Esse apelo infantil, porém, é acidental: Beyoncé, com suas formas exuberantes (há especulações sobre implantes nos seios), é a estrela mais sexy da música atual.

Com tendência a engordar, ela às vezes recorre a esquisitas dietas líquidas para vencer a balança. Também tem uma discretíssima celulite. Homens de verdade não fazem a mínima ideia do que seja celulite. Mas sabem que Beyoncé tem poder.

SUCESSO DE BERÇO
Beyoncé e suas dançarinas:
campanha para Obama e show para o filho do ditador líbio

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