sexta-feira, 22 de janeiro de 2010


Jaime Cimenti

Adivinha quem estou pegando?

A gente pensou que já tinha ouvido tudo sobre a infidelidade, especialmente a masculina, mas agora tem mais, bem mais: a respeitada psicóloga francesa Maryse Vaillant, no livro

Os homens, o amor e a fidelidade, diz que a infidelidade masculina é boa para o casamento, que as mulheres podem ter uma experiência libertadora aceitando as traições dos homens e que os maridos, envolvidos com outras, não deixam de amar suas esposas.

Ah, diz ela, que os maridos que não têm casos extraconjugais podem ter uma “fraqueza de caráter”.

Não sei se a doutora escreveu o livro em causa própria, mas o Tiger Woods, maior golfista do mundo e pegador revelado de primeiríssima, deve ter mandado dezenas de cópias do livro para a esposa e os advogados.

Milhões de esposos devem ter enviado, anonimamente, o livro para suas caras-metades, imagino, com vistas a colaborar para uma “revisão de conceitos”. Daqui a pouco alguma autoridade vai escrever que a infidelidade feminina também é boa para a felicidade e a temperatura do casal.

Questão de tempo. Marcello Mastroianni, fantástico, simpático e imortal latin lover, disse que achava bonito o casal viver em fidelidade toda a vida, que tinha tentado isso, mas, infelizmente, não tinha conseguido, talvez por problemas de trabalho, atrizes e cenários paradisíacos e tal. Coitado de ti, a gente te entende Marrcééllo. Che peccato!

O lance é que todo mundo segue mais liberal com a pulação de cerca alheia. Quando a traição é com o próprio contribuinte, aí o bicho pega direto e não adianta muito dizer, como em certas partes do Rio Grande, que guampa só dói quando nasce.

As estatísticas e o boca a boca apontam para uma certa liberalização, e certos dados apontam para uma crescente infidelidade feminina.

Depois de milênios de “touradas conjugais”, de estudos e conversas de bar mil, de tentativas frustradas de “casamentos abertos” e, mesmo nestes tempos de privacidade quase zero, talvez permaneça como menos pior, para as cabeças enfeitadas ou não, para as crianças, famílias e para a sociedade, o silêncio, o respeito e a discrição sobre determinadas questões.

Mas o fato é que as pessoas, especialmente os homens, adoram contar o que fizeram e o que não fizeram.

O hábito de sair falando também está chegando no mulherio. Tipo a piada do cara que sobreviveu na ilha com a Sharon Stone, namorou-a e depois não tinha para quem contar a façanha. Aí pediu a ela para vestir a roupa dele, dar a volta na ilha e então, encontrando-a, perguntou: adivinha quem estou pegando?

Uma linda sexta-feira e um gostoso fim de semana pra você.

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